São Paulo, sábado, 6 de dezembro de 1997
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Virtuose cubano faz trabalho imperdível

JOSÉ CARLOS PRANDINI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Mais conhecido por seu sax alto, esse virtuose cubano fez da clarineta seu primeiro instrumento e tem se dedicado muito a ela ultimamente -para nossa sorte-, como em 96, quando esteve no Rio na programação "100 Anos de Pixinguinha", ao lado de Paulo Sérgio Santos, Arismar do Espírito Santo, Cristóvão Bastos, Marcos Suzano etc.
Na verdade, desde os anos 80, o seu trabalho jazzístico incorpora, juntamente com o excepcional trompetista brasileiro Cláudio Roditi, muita música brasileira e música cubana.
Trilhando as mesmas tendências mercadológicas de outros importantes músicos de jazz americanos, como Winton e Branford Marsalis, Paquito tem alternado trabalhos jazzísticos ricos em improvisação com a execução de obras eruditas.
Em "Chamber Music from the South", impecavelmente produzido pelo selo brasileiro Mix House, Paquito faz um passeio pela quase desconhecida música de câmara da América do Sul, da Argentina à sua Cuba natal, com grande destaque para Villa-Lobos e Oswaldo Lacerda.
Quem já conhecia o seu som "rasgado" de clarineta nos chorinhos brasileiros e outros ritmos latinos, vai se surpreender com o timbre escuro e delicado desse disco, tão cultuado pelos clarinetistas eruditos.
Em "Danzas Cubanas", do compositor cubano Ignacio Cervantes, o ouvinte vai se surpreender com o estilo quase "nazarethiano" de diversos trechos, demonstrando a inequívoca convergência nas origens das músicas nos países sul-americanos.
Eruditamente rigoroso na interpretação, como na "Sonata para Clarineta e Piano", do argentino Carlos Guastavino, Paquito D'Rivera é "caliente" como sempre em suas próprias composições, as singelas "Danzón", "Lecuonerias" e "Vals Venezolano", em que podemos reconhecer elementos harmônicos e rítmicos de toda a música latina, incluindo a brasileira.
Um trabalho imperdível, que resgata valores regionais importantíssimos nesse mundo de mesmice globalizada.

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