São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 1997 |
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Fábrica do RS demite 800
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
A Brochier, uma das mais tradicionais indústria de calçados do Rio Grande do Sul, anunciou ontem a demissão de cerca de 800 de seus 2.100 funcionários. A empresa, de Novo Hamburgo (região metropolitana de Porto Alegre), informou, em nota distribuída aos funcionários e à imprensa, que "foi forçada" a encerrar as atividades de duas de suas sete unidades devido à "recessão de consumo no mercado interno, agravada pelo Plano Real, juros impraticáveis e alta inadimplência nos últimos meses". A Brochier, fundada em 1956, também informou que, a partir de janeiro, retomará suas atividades com um novo plano de reestruturação, que determinará o enxugamento de custos. Conforme a nota, a empresa está "em negociação avançada" com o sindicato dos trabalhadores para acertar o pagamento dos direitos trabalhistas. Os salários estão em dia, mas o pagamento da primeira parcela do 13º está em atraso. Sem garantias O presidente do Sindicato dos Sapateiros, Carlos Koch, disse que o pagamento dos direitos dos trabalhadores da Brochier não está garantido, pois a empresa, segundo ele, está descapitalizada, ou seja, sem dinheiro para operações cotidianas. Vale dos Sinos A região do Vale dos Sinos, que concentra o maior número de fábricas de calçados, já contou com 170 mil sapateiros. Hoje, o número de empregados do setor é de 84 mil. Em Novo Hamburgo, a principal cidade da região, as fábricas de calçados empregavam 30 mil trabalhadores em 1990. Atualmente, trabalham nas fábricas calçadistas 8.000 empregados. O presidente do sindicato dos trabalhadores disse que, em parte, as demissões no setor devem ser atribuídas à entrada de calçados estrangeiros no país. Ele declarou que o governo federal não tem controle sobre as importações, principalmente dos países asiáticos. O líder sindical reclamou da falta de uma linha de crédito por parte do governo gaúcho para auxiliar as empresas calçadistas. Outras demissões Ele disse que outras empresas estão em dificuldades e também poderão demitir. A Brochier disse que negociará diretamente com os fornecedores e credores o pagamento dos seus débitos. A empresa já foi uma das maiores do país, com 11 unidades industriais. Há dois anos produzia mais de 1 milhão de pares por mês. Entre as marcas mais conhecidas produzidas pela Brochier estão Fila, All Star e Catléia. Texto Anterior: Volks já tem pronta a lista de demissão Próximo Texto: Mário Covas apoia acordo da Força Índice |
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