São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 1997
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Litoral pode ficar sem atendimento de urgência

MARIA REGINA ALMEIDA
DA FOLHA VALE

Os turistas que optarem por praias do litoral norte durante o verão correm o risco de ficar ser atendimento em hospitais em caso de emergência.
Esta é a análise do provedor da Santa Casa de Ilhabela, Cristobal Parraga Gomez Filho. Segundo ele, os hospitais não têm médicos suficientes e nem estrutura para atender o aumento da demanda.
As quatro cidades do litoral norte (Ubatuba, Caraguatatuba, Ilhabela e São Sebastião) devem receber até 2 milhões de turistas entre dezembro e janeiro. Essas cidades têm, ao todo, 173.400 habitantes.
A previsão é que os hospitais do litoral norte registrem até o triplo de atendimentos, principalmente de urgências, com a chegada do verão. Atualmente, cada instituição pode fazer cerca de 7.000 atendimentos ao mês e tem, no máximo, 45 médicos.
"Damos um santinho para o paciente e pedimos que ele vá rezando para conseguir ser atendido em tempo em outra cidade", disse o administrador da Santa Casa de Ilhabela, Irapuan Glória.
O aposentado Vicente Máximo, que estava esperando na última quinta-feira para ser atendido na Santa Casa de Caraguá, disse que precisou pagar para ser examinado porque, se fosse esperar pelo SUS, talvez fosse atendido 'apenas no ano que vem'.
As quatro santas casas do litoral acumulam uma dívida de R$ 1,490 milhão, principalmente com fornecedores, impostos e custos fixos (água, luz e telefone).
"No SUS, o paciente virou um número. Temos uma cota determinada de atendimentos", disse a administradora da Santa Casa Irmandade Coração de Jesus, Karen Elizabeth Abendroth.
Com uma dívida de R$ 90 mil com os fornecedores, Karen afirma que, se não conseguir pagar o que deve, faltarão medicamentos e material para o hospital.
Os provedores e administradores dos hospitais apontam o corte no número de atendimentos e de verba determinados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) como principais causas para a crise na saúde.
Em São Sebastião não há UTI (Unidade de Terapia Intensiva) que, por falta de verba, ainda não foi concluída. O hospital tem um centro de tratamento para pacientes mais graves, mas não tem todos os recursos de uma UTI.
Em Ilhabela, talvez a situação mais grave, faltam equipamentos e o abastecimento de remédios está comprometido devido às dívidas com os fornecedores.
Em Caraguatatuba, também faltam médicos, principalmente especialistas. Em caso de acidentes graves, o recurso usado pelos hospitais é a transferência para outros hospitais.

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