São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 1997 |
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Coleta seletiva dá 13º salário a catador
MARIO CESAR CARVALHO; SANDRA HAHN
Gonçalves tem esse ganho incomum para um catador porque faz parte de uma associação de Belo Horizonte que faz a coleta seletiva do lixo em associação com a prefeitura, empresas e condomínios. A experiência tem dez anos e não é a única do país. Em Porto Alegre, 267 pessoas trabalham no programa de reciclagem de lixo implantado pela prefeitura. Gonçalves integra a Asmare (Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável) de Belo Horizonte. O nome é quilométrico, mas o trabalho da associação é um ovo de colombo pela simplicidade. A Asmare organizou 210 catadores. Eles continuam catando papelão, alumínio e vidro nas ruas. O pulo do gato é que agora podem vender o material que vem da coleta seletiva. Com caminhões da prefeitura, eles pegam vidros, latas e plásticos, fazem uma segunda triagem e vendem. Giram cerca de R$ 20 mil por mês, segundo José Aparecido Gonçalves, integrante da Pastoral da Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte que coordena a parte técnica da associação. Quando o projeto começou, há dez anos, 70% dos catadores viviam nas ruas. Hoje, todos têm casa. Ganham entre dois e três salários mínimos por mês, dependendo da produtividade. O 13º de R$ 1.800 de Gonçalves também é proporcional ao que ele coletou no ano. É quando a associação distribui as sobras de caixa, depois de fazer um balanço dos ganhos e retirar o capital de giro. Os catadores de Belo Horizonte sofisticaram tanto a atividade que criaram uma nova categoria de trabalhador -o triador da coleta seletiva. O trabalho foi feito sob medida para quem não aguenta mais puxar carrocinha na rua porque está doente ou é portador do vírus da Aids. Eles ficam no depósito da associação e fazem a separação final do material da coleta seletiva. Os triadores ganham um salário mínimo e meio por mês. Até as carrocinhas de coleta são feitas na associação. A marcenaria é tocada pelos filhos dos catadores e meninos de rua. Recicladores Porto Alegre também inventou uma nova categoria para a ecologia da pobreza. São os recicladores, responsáveis por separar o material reaproveitável do lixo. Estão agrupados em oito associações e faturam, em média, um salário mínimo por mês. Eles recebem o lixo do DMLU (Departamento Municipal de Limpeza Urbana). Em oito usinas, separam o material recolhido: 42 toneladas por dia. Depois desta etapa, vendem para as indústrias que utilizam material reciclado. A coleta seletiva do lixo foi implantada na capital gaúcha em 1990. Nos últimos meses, a quantidade de lixo aumentou em duas toneladas por dia, informou o assessor comunitário do DMLU, Ademir Castro. Os caminhões da coleta percorrem cada bairro da cidade uma vez por semana. Vários trabalhadores que atuam na reciclagem catavam sucata na cidade. O departamento de limpeza organizou a coleta e a separação do material. Para tocar o serviço, agrupou os catadores de papel em associações. As medidas, segundo Castro, implantadas a partir de 1989, melhoraram o trabalho e a remuneração dos antigos catadores de papel. (MARIO CESAR CARVALHO e SANDRA HAHN) Texto Anterior: Diferença de pressão indicaria risco de vida; Prêmio aceita inscrição até o dia 23 de janeiro; China toma medidas para prevenir epidemia; Dicionário relaciona nomes de doenças; África recebe vacina contra meningite; Reação alérgica ataca mais os hospitalizados; Programa evitaria acidentes de trabalho Próximo Texto: Brasil alcança os EUA em reciclagem Índice |
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