São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crimes sexuais assustam Sapucaia

Calma é aparente na cidade onde a garota M. foi estuprada

SÉRGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A SAPUCAIA (RJ)

Sapucaia, onde a menina M. e sua família tentam obter autorização para que ela faça um aborto legal, é uma cidade tranquila, com raros registros de crimes graves, como assassinatos e assaltos.
Taras estranhas e crimes sexuais, como o sofrido por M., que completou 11 anos ontem, e está grávida de quatro meses, são os maiores problemas da cidade na opinião do delegado-titular de Sapucaia, Gilson Dantas.
"O que me preocupa aqui são os casos de taras. Prendi, há duas semanas, um homem (César Pires de Araújo, funcionário da prefeitura) acusado de ter violentado um deficiente mental", disse Dantas.
A gravidez de M., segundo a menina, é resultado de estupro praticado pelo lavrador Roberto Celeste, que está foragido.
Na semana passada, os pais de M. pediram ao juiz de Sapucaia, Luiz Olímpio Mangabeira Cardoso, que autorize a interrupção da gravidez. A decisão deve sair até terça-feira.
Os problemas do trânsito sapucaiense preocupam mais as autoridades do que o índice de furtos, por exemplo.
O juiz do município, Luiz Olímpio Mangabeira Cardoso, 36, disse à Folha que há dois anos não julga um caso de furto.
"Quem traz o crime para cá são as pessoas de fora. As daqui são muito pacatas", afirma o juiz.
Em compensação, Sapucaia, que tem 16.921 habitantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) vive o drama de ser uma espécie de atalho entre Minas Gerais e São Paulo.
A BR-393, que liga os dois Estados pelo interior do Estado do Rio, passa bem no centro da cidade.
A tranquilidade é quebrada por congestionamentos de carretas, obrigadas a parar diante de um quebra-molas nada convencional.
"Está mais para degrau do que para quebra-molas. Venho por aqui para não ter que passar dentro do Rio", afirmou o caminhoneiro José Carlos Nóbrega, 37, que, na sexta-feira, passava pela cidade em direção a São Paulo.
"O pessoal se irrita com o trânsito pesado dentro da cidade. De vez em quando sai briga", diz Dantas, que está há um mês em Sapucaia, após cinco anos de trabalho em Três Rios, a 50 km de distância.

Texto Anterior: Indústria quer elevar a coleta
Próximo Texto: Autorização para interromper gravidez sai em 7 dias em SP
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.