São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Programas são salário indireto

DA REPORTAGEM LOCAL

"Sou uma beneficiária sênior", afirma, rindo, Maria Tereza Romano Alves, 31, analista financeira da Coca-Cola, no Rio.
A chegada do primeiro filho, Rafael, em junho deste ano, acrescentou vários novos itens na lista de benefícios que ela já utilizava. Com isso, Maria Tereza calcula que economizou em torno de US$ 9.000 do seu salário, neste ano.
Teria gasto cerca de US$ 10 mil só para pagar o parto e as consultas com o obstetra. A empresa pagou 75% do total e financiou o resto em 12 vezes, sem juros. Isso sem contar o estoque de fraldas do filho Rafael, que a empresa banca por um ano e meio.
Para manter a forma, Maria Tereza não precisa gastar com academia de ginástica. Frequenta as instalações disponíveis na empresa.
O pediatra, conveniado ao programa de assistência médica da empresa, pede R$ 250 por uma consulta particular.
"Com o meu salário seria meio complicado bancar isso tudo. Não quero sair daqui nunca", diz a analista, que contabiliza todos os benefícios como salário indireto.
Segundo o consultor de RH (recursos humanos) Simon Franco, a empresa não é nada boba em querer segurar o funcionário. Faz isso por dois motivos claros: manter talentos e diminuir gastos com demissão e contratação.
Para ele, as empresas com uma forte política de benefícios também costumam investir em treinamento. "Ninguém quer treinar e lapidar pessoas que um ano depois vão para outro lugar. Seria jogar fora dinheiro e tempo."
Benefícios magros já afugentam aqueles funcionários que fazem as contas e percebem o quanto é importante essa remuneração indireta, segundo Antônio Motta Carvalho, 52, sócio da consultoria Amthorp International.
"A concorrência entre as empresas aumenta e por isso está se tornando uma tendência oferecer um bom pacote de remuneração indireta", afirma Carvalho.
Para o diretor-executivo Geraldo Magela Xavier Lopes, 33, da AGF Seguros, o pacote de benefícios foi decisivo para impulsionar a troca de emprego, que praticamente não envolveu aumento salarial.
Assistência médica sem custo para o funcionário é o item mais interessante, segundo Lopes.
A advogada Elisa Pakamoto, 42, colega de Lopes, diz que pensaria duas vezes antes de aceitar uma oferta de trabalho de outra empresa. Ela teve a primeira filha em junho de 96 e recebe ajuda de R$ 80 mensais para pagar a babá, com salário de R$ 200. "É uma ajuda muito boa. Aqui, todas recorrem a esse benefício."
Marco Camerini, 32, gerente sênior para nichos de mercado do BankBoston, é outro que comemora o programa de benefícios.
Sua filha nasceu há sete meses e o plano de assistência médica cobriu 90% da conta do hospital. Do gasto mensal com o pediatra particular que escolheu, tem um reembolso de 60% do valor da consulta, que é de R$ 180.
"Tudo isso representa uma preocupação a menos na minha vida. Trabalho mais tranquilo, o que me faz produzir mais, é óbvio", diz.
Na Petrobrás, o funcionário aposentado recebe cerca de 90% da média salarial dos 12 meses anteriores à aposentadoria. Viúvas têm ainda outra regalia: recebem 15 salários do falecido, se a morte for natural, ou a 30, caso tenha havido acidente de trabalho.

Texto Anterior: Consultas longas afastaram médico
Próximo Texto: Homeopatia é especialidade em alta
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.