São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 1997
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Restos de âmbar revelam fósseis dos "vermes de veludo"

JOSÉ REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Gretchen Vogel resume em "Science" (273, 1340, 1996) artigo no qual George Poinar, da Universidade Estadual de Oregon (EUA), descreve o achado de dois fragmentos de âmbar com exemplares perfeitos de onicóforos ou, como dizem os norte-americanos, vermes de veludo.
Um dos fragmentos é de origem marinha e provém da região báltica e o outro, de origem terrestre, vem da República Dominicana. Os onicóforos são invertebrados de 15 cm de comprimento, sem cabeça diferenciada, porém com olhos, parecendo, na opinião de Gretchen, tapetes persas enrolados e com patas. Em lugar de cabeça propriamente dita, apresentam apêndices claramente visíveis através do âmbar.
Para alguns, os onicóforos são intermediários entre os anelídeos (minhocas, por exemplo) e os artrópodes (insetos, por exemplo), mas para outros são artrópodes.
Os onicóforos atuais são terrestres, pertencendo ao hemisfério sul, enquanto os do outro hemisfério são marinhos e estão desaparecidos sem que se saiba por quê. Os cerca de 30 fósseis conhecidos são marinhos. Os fragmentos de âmbar são de 20 milhões a 40 milhões de anos, sendo o mais antigo do hemisfério norte.
Todos os onicóforos recentes são terrestres e possuem marca característica: um poro mucoso, por onde o animal emite jatos pegajosos, que servem para atacar os objetos que encontram e afugentar os possíveis inimigos.
Os onicóforos fósseis do Báltico, de 40 milhões de anos, representam os primeiros onicóforos terrestres. Isto sugere que, salvo se os animais se adaptaram duas vezes, as formas terrestres evolveram quando os contingentes estavam unidos na Pangéia, cuja fragmentação ocorreu há 180 milhões de anos. Outros dados indicam que os onicóforos sobreviveram no hemisfério norte por mais de 140 milhões de anos.
Os onicóforos fósseis da República Dominicana mostram curiosa combinação de caracteres antigos e modernos, com as peças cefálicas modernas e as podais de tipo antigo. Os fósseis dominicanos tinham poros cefálicos, segundo se deduz das peças enclausuradas no âmbar.
Alguns especialistas sugerem o estudo do DNA dos cromossomos eventualmente no âmbar, porém Poinar prefere reunir mais exemplares porque o exame do DNA pode ser destrutivo.

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