São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 1997
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Ministro determina sindicância no DNER

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, determinou a abertura de sindicância para apurar supostas irregularidades cometidas pela diretoria do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem).
Ainda nesta semana, Padilha também terá uma audiência com o diretor-geral do órgão, Maurício Hasenclever Borges, na qual solicitará que ele explique por que está utilizando aviões de uma construtora nos seus deslocamentos.
O ministro decidiu não demitir os diretores do DNER enquanto não concluir as investigações no órgão. Até ontem, nenhum diretor havia colocado seu cargo à disposição de Eliseu Padilha.
A assessoria de imprensa do DNER informou ontem que nem Borges nem os outros diretores do órgão iriam se pronunciar sobre o caso.
Superfaturamento
A sindicância do ministério vai investigar o convênio assinado pelo DNER com uma empresa de serviços odontológicos.
O contrato teria sido superfaturado, pois o valor final é suficiente para atender 80 mil funcionários ativos e inativos, com seus dependentes. No DNER existem cerca de 56 mil pessoas nessa situação.
Segundo o Ministério dos Transportes, o contrato totaliza R$ 6,3 milhões. O DNER já pagou cerca de R$ 4 milhões nos últimos quatro meses à empresa, relativos ao atendimento de aproximadamente 300 pessoas.
O diretor de operações do DNER, Jesus Pinheiro, teria utilizado o helicóptero de uma empresa de ônibus para fiscalizar essa mesma empresa. Esse assunto também será discutido na reunião que Padilha terá com Hasenclever Borges.
A assessoria de imprensa do DNER informou que o órgão já está investigando as denúncias envolvendo o convênio de serviço odontológico e a conduta do diretor de operações, Jesus Pinheiro.
Também foram abertas sindicâncias para apurar se o diretor de administração do DNER, José Gilvan Pires, sugeriu a um credor que conseguisse um "intermediário" para cobrar dívidas vencidas.
Amarras políticas
A Folha apurou que o ministro Eliseu Padilha está preocupado com as repercussões políticas dentro do seu partido, o PMDB, provocadas pelas irregularidades que estariam sendo cometidas pela direção do DNER.
Isso porque os cinco diretores do órgão, incluindo Hasenclever Borges, foram indicados por peemedebistas.
Na semana passada, Padilha enviou para Borges um ofício solicitando a "imediata apuração" de todas as denúncias de irregularidades no DNER, independentemente das providências já tomadas pelo ministério.
"A imediaticidade (sic) e o rigor na investigação e na punição são premissas das quais não abro mão", afirmou Padilha no ofício enviado ao diretor-geral do DNER.
Nesse mesmo ofício, o ministro solicita ser informado sobre o procedimento adotado em relação a cada denúncia, assim como o nome dos investigados e as punições que poderão ser adotadas.
Ponte Rio-Niterói
A assessoria de imprensa do DNER informou ontem que o órgão também está investigando a existência de um contrato de manutenção da ponte Rio-Niterói por parte de uma empresa privada, orçado em R$ 840 mil anuais.
O contrato foi cancelado pelo ministro Padilha no último mês de agosto, uma vez que a ponte já é administrada por um consórcio privado por meio de um contrato de concessão.

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