São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 1997
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Médicos divergem sobre risco

DA REPORTAGEM LOCAL

Os riscos da realização de um aborto como o de M. divide a opinião de médicos.
O diretor do Instituto de Medicina Fetal de São Paulo, Thomaz Gollop, 50, acredita que o aborto não oferece riscos para a menina. Segundo Gollop, o aborto é muito menos lesivo do que a manutenção da gravidez.
"O corpo de uma menina de 11 anos não tem estrutura e maturidade para uma relação sexual e gravidez."
Segundo o médico, mesmo que M. faça aborto, ela não deve ter complicações em outra gravidez. "Mas é necessário verificar quais são, de fato, as condições de saúde da garota."
Segundo Gollop, o aborto pode ser feito por meio de indução de expulsão do feto ou por meio de uma cirurgia. Ele afirma que, se for feita cirurgia, a única sequela é que, no caso de outra gravidez, o parto terá de ser por meio de cesariana.
Segundo Pedro Paulo Pereira, diretor do pronto-socorro de obstetrícia do Hospital das Clínicas, o procedimento é mais delicado porque M. está no 16º mês de gravidez. "A indução por drogas, ao dilatar o colo do útero, pode causar lacerações nos tecidos moles, que são mais frágeis em meninas dessa idade", diz.
O ginecologista e obstetra Lister de Macedo Leandro, 50, especialista em gravidez de alto risco, afirma que ambas situações podem provocar problemas. "Não dá para afirmar o que é mais perigoso sem examinar a paciente. O que podemos dizer é que a gravidez nesse caso é de alto risco", diz.
Segundo Leandro, não é possível saber se o organismo da menina conseguiria levar a gravidez até o fim, já que seu corpo ainda está em transformação. No caso do aborto, o médico afirma que o melhor método é a indução da expulsão do feto.
O primeiro trimestre da gravidez é a fase mais recomendável para interrompê-la. Depois, a criança já tem todos os órgãos formados. "Mesmo assim, no caso de M. o feto é pequeno."
Se for necessário cirurgia, Leandro acredita que os riscos aumentam. "Como o útero já é maior nessa fase, a cirurgia fica mais delicada. O importante é que os médicos sejam especializados. Não é qualquer obstetra que está preparado para fazer esse procedimento".

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