São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 1997
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Suspeitos não são reconhecidos por vítimas

DA REPORTAGEM LOCAL

Três mulheres vítimas da "gangue da batida" estiveram ontem no 27º DP (Campo Belo) e não reconheceram os três homens presos na manhã de anteontem com suspeitas de pertencerem à quadrilha.
O carpinteiro Antônio Ribeiro da Costa, 30, e o mecânico Pedro Santos Lira, 27, haviam sido presos pela PM num Uno roubado. Os dois apontaram o mecânico José Ribamar Vieira da Silva, 38, como sendo o dono do carro. Ribamar foi preso em sua casa, onde a PM encontrou um revólver calibre 38.
As suspeitas de que os três faziam parte da "gangue da batida" surgiram porque o Uno estava batido na frente e porque eles estavam com vários cartões de banco com nomes diferentes.
Outra suspeita é o fato de Lira ser muito parecido com o retrato falado feito por uma mulher que foi assaltada após ter seu carro batido.
Uma outra mulher que esteve ontem no 27º DP reconheceu Lira como sendo o homem que a agrediu após uma batida de trânsito, no sábado, na rua Vergueiro.
V. disse à polícia que, ao descer para ver o que acontecera, foi agredida e reagiu. Um caminhoneiro parou para ajudar e o motorista do carro fugiu. V., então, perseguiu o carro, com o objetivo de cobrar o prejuízo da batida. Porém, após alcançá-lo, o motorista a ameaçou com uma arma e ela fugiu. A polícia ainda não sabe se a idéia inicial do motorista era ou não assaltar V.
Lira, Costa e Silva continuam presos acusados de receptação de carro roubado e porte de arma. Silva foi reconhecido ontem pelo proprietário do Uno, José Carlos Alencar, 55, como um dos dois ladrões que lhe roubaram o carro no dia 25 de novembro.
Segundo o delegado Naief Saad Neto, titular do 27º DP, há indícios de que os três também praticam roubos em caixas eletrônicos, mas, em princípio, não há relação com a "gangue da batida".
Um dos indícios, segundo Saad Neto, são os cartões, todos do Bradesco, encontrados com os acusados. O delegado entrou em contato com o banco para saber se os donos dos cartões foram roubados.
Para Saad Neto, não existe uma única "gangue da batida". "Existem várias duplas que roubam com esse método, que, além de tudo, já é antigo", disse.
Os delegados do Depatri (Departamento de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio) que investigam a gangue concordam que várias pessoas possam estar praticando esse tipo de crime, mas acreditam que uma única gangue é responsável pelo aumento de ocorrências das últimas semanas.
"Os integrantes dessa gangue parecem ser de classe média, são drogados e o objetivo deles não é só o dinheiro. As vítimas são espancadas e, às vezes, violentadas", diz o delegado Albano David Fernandes, do Depatri.

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