São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 1997
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Coronel da PM recomenda boicote à gangue

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O coronel Isaias de Mello Mascarenhas Neto, diretor de Assuntos Municipais e Comunitários da PM, recomenda que as mulheres "façam greve" a "gangue da batida", deixando de circular sozinhas, das 22h às 7h, pelos pontos mais visados pela quadrilha, em São Paulo.
"As mulheres que têm o perfil escolhido pela gangue (jovens, que dirigem sozinhas à noite) devem decretar greve a gangue e não sair sozinhas das 22h às 7h", disse.
O coronel sugere outras opções como "transporte solidário" (caronas predeterminadas) ou "sair acompanhada ou em comboio".
"Essa é a colaboração da população. As mulheres que continuam saindo sozinhas estão desconhecendo a gravidade da situação. Por enquanto, não há mortes."
Questionado se essa não seria uma medida restritiva e se a segurança dessas mulheres não depende da polícia, o coronel respondeu: "A polícia está agindo. As pessoas que estão sendo ajudadas, têm de colaborar também. Seria impossível a polícia vigiar todas as moças que circulam por essas regiões".
O coronel afirmou que "provavelmente houve precipitação no domingo, quando foi anunciada a prisão de supostos integrantes da gangue. Essa precipitação pode ocorrer em casos muito cobrados. Não queremos um resultado rápido, mas duradouro".
"A efervescência da sociedade e da imprensa pode levar a polícia a querer dar respostas rápidas, atropelando a democracia. É preciso proporcionar as garantias constitucionais aos suspeitos, como direito a defesa", disse o diretor da Academia da Polícia Civil de São Paulo, delegado Tabajara Novazzi Pinto, que defende, nesse caso, que as investigações sejam acompanhadas pelo Ministério Público.
Para o coordenador das Promotorias de Justiça Criminais de São Paulo, Mário Papaterra Limongi, em casos de repercussão como esse, "a polícia deve assegurar o sigilo das investigações".
"Não é bom vazar uma informação quando se tem dúvidas", disse Limongi. Para ele, o retrato falado -um dos recursos usados para associar um dos presos no 27º DP a "gangue da batida"- "é um elemento de prova que deve ser visto com muita cautela".

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