São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997 |
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O grande Zahar
CARLOS HEITOR CONY Rio de Janeiro - Parece nome de mágico e vai ver que é. Se eu fosse Deus, estivesse aporrinhado com a humanidade e desejasse destruí-la (teria bons motivos para isso), seria obrigado a excetuar um Justo. Esse justo seria o Jorge Zahar, cuja passagem pela face da terra me obriga a ser mais tolerante com os outros e até comigo próprio.Ele continua dando ao Brasil uma das contribuições mais nobres do nosso mercado cultural. O seu catálogo é coerente e digno. Sobrevive às crises do setor sem abandonar a opção que escolheu no início da carreira. É a referência que buscamos quando falamos em bons livros. Cada final de ano, Jorge reúne seus amigos na editora. Curiosamente, não são seus editados e sim editados de outras casas. Além de outros editores que não são rivais porque ninguém se considera rival dele. Alguns já se foram como Ênio Silveira, Paulo Francis e Callado. Pessoalmente, não sou de frequentar esse tipo de reunião, mas é ali junto do Jorge e de seus amigos, que me sinto perdoado e, enquanto merecer a amizade dele, desconfio que ainda tenho salvação. Mudando de assunto, mas continuando a falar no próprio. Está sendo lançada por ele uma série de divulgação dos principais filósofos da humanidade. São textos pequenos excepcionalmente bem escritos por Paul Strathern, publicados originalmente na Inglaterra. É um trabalho editorial suave e necessário para melhor divulgação dos principais caminhos e atalhos que nos ajudam a compreender o homem e o mundo. Tanto nos grandes títulos que já publicou, como em textos de circulação mais abrangente, Jorge Zahar permanece como nosso patriarca editorial, além e acima da vulgaridade comercial. Se me perguntassem o que falta ao Brasil para ser um grande país, eu diria que uns cinco Jorges resolviam a questão. Mas, para uso próprio, continuaria devoto do modelo original. Texto Anterior: FHC reencontra um amigo Próximo Texto: Amadores satânicos Índice |
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