São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 1997
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Capital estrangeiro responde por 30% das compras em 1997

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O investimento direto estrangeiro deve participar com 30% do total arrecadado com privatizações no Brasil em 1997, segundo a Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica).
A entidade fez essa projeção com base em dados do Banco Central, segundo os quais as privatizações alcançaram US$ 17 bilhões até 31 de outubro deste ano.
Octavio de Barros, diretor técnico da Sobeet, acredita que a participação do capital estrangeiro nas privatizações seja mantida entre 30% e 35% nos próximos anos.
O banco de investimentos norte-americano JP Morgan vai além em sua projeção, afirmando, em seu último relatório sobre mercados emergentes, que o capitais estrangeiros vão responder pela metade da receita da privatização em 1998.
O JP Morgan baseia sua estimativa no aperto das condições de financiamento interno e na hipótese de que o financiamento do BNDES para as privatizações não seja uma estratégia de longo prazo.
Barros afirma que ainda é cedo para avaliar o impacto do desaquecimento econômico nos planos de investimento direto estrangeiro no Brasil em 1998.
Mas diz que "continua firme" a "bolha de oportunidades" de investimentos em privatização no país no biênio 1998-1999.
Segundo a Sobeet, o ritmo das privatizações obedecerá às condições de financiamento dos potenciais investidores diretos, as quais estão mais difíceis na esteira da crise financeira global.
A Sobeet diz que a privatização de participações minoritárias do governo será adiada até que as condições do mercado de ações favoreçam as ofertas públicas.
Sem contar essas vendas, a Sobeet estima que as privatizações de ativos públicos tangíveis (como empresas) e intangíveis (concessões como a da banda B da telefonia celular) devem alcançar US$ 27 bilhões em 1998.
A estimativa da Sobeet para 1999 é de privatizações totais da ordem de US$ 30 bilhões e de US$ 24 bilhões no ano 2000, sendo somada nesse último valor a venda de posições minoritárias.
A participação do capital estrangeiro nas privatizações ocorre tanto na parcela de investimento direto (compra do controle acionário) quanto na parcela de financiamento externo. Com base nos dados do BC até outubro, a Sobeet estima que a parcela de investimento direto nas privatizações foi de US$ 5 bilhões, em um total de cerca de US$ 17 bilhões.
Predomínio norte-americano
Com quase metade (48,5%) da participação externa em todas as privatizações ocorridas na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro até hoje, o capital privado dos EUA é o "grande papão" estrangeiro das estatais brasileiras.
Os países com maior participação depois dos EUA são França (15,3%), Chile (11,2%), Portugal (8,1%) e Espanha (8%).
Segundo Barros, a valorização do dólar em relação às moedas européias -o que encarece os ativos privatizáveis no Brasil para investidores de fora dos EUA- explica a "maior agressividade" dos investidores estratégicos dos EUA nas privatizações no Brasil.

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