São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 1997
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Banco 24h pode ter limite de saque à noite

FABIO SCHIVARTCHE
ANDRÉ LOZANO

FABIO SCHIVARTCHE; ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Febraban recomenda a bancos que limitem em R$ 100 o saque máximo entre as 22h e as 6h para conter roubos

A Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos) está desde ontem distribuindo ofício às instituições bancárias de todo o país recomendando o limite de R$ 100 para saques em caixas eletrônicos no período noturno -entre as 22h e as 6h.
A medida teria como finalidade diminuir a ocorrência de roubos em caixas que funcionam 24 horas por dia.
A Febraban não tem poder de obrigar as instituições a cumprir a recomendação, mas sugere que a medida seja adotada até o dia 1º de fevereiro de 1998 -prazo para que as agências adaptem seus equipamentos ao novo esquema de funcionamento.
Até o início da noite de ontem, apenas uma rede confirmou que iria aderir à nova regra, inclusive para cartões de crédito que permitem a operação de saque: a rede 24 Horas, que opera o serviço de caixa eletrônico para 52 instituições financeiras no país.
São cerca de 28 milhões de cartões de banco utilizados por correntistas, sendo que 26% dos clientes fazem saques de valores superiores a R$ 100 -o que deve provocar uma enxurrada de ações na Justiça contra a limitação (veja texto nesta página).
"O limite de R$ 100 cumpre a finalidade emergencial dos caixas, já que o valor do saque médio no país é de R$ 94", diz o diretor da TecBan (empresa que administra a rede 24 Horas), Renato Mascareti.
A recomendação da Febraban foi anunciada dias depois de a polícia paulista ter registrado casos de assaltos praticados por criminosos que ficaram conhecidos como pertencentes à "gangue da batida".
Esses ladrões agem à noite, principalmente na região sudoeste da cidade de São Paulo. Seu alvo são mulheres que dirigem desacompanhadas.
Os ladrões provocam pequenas colisões e, quando a vítima sai do veículo para verificar o dano causado, raptam-na e a levam para que retire dinheiro em caixas eletrônicos. Muitas vezes batem e até estupram as vítimas.
A Folha procurou as assessorias dos bancos Itaú e Banespa, mas até o fechamento desta edição as instituições alegaram que não se manifestariam porque ainda não haviam recebido comunicação oficial da federação.
Já a assessoria do Bradesco -instituição que tem 20 milhões de contas em operação e 3.295 unidades de caixas eletrônicos em funcionamento no país -disse que a direção do banco ainda estava examinando a medida.
O Banco Central também não se manifestou sobre o assunto, até o início da noite de ontem.
Medida paliativa
Para o diretor do sindicato dos bancários de São Paulo, Deyvid Leite, será "difícil" os bancos implementarem a recomendação. "Muitos bancos, principalmente os pequenos, podem alegar dificuldades operacionais. Essa é uma medida paliativa, uma vez que esse tipo de assalto não acontece só de madrugada", disse Leite.

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