São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 1997 |
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Parmalat deve comprar parte da Batavo
VANESSA ADACHI
A Folha apurou que o fechamento da compra deve ser anunciado oficialmente na próxima semana e que a cooperativa já entra em 98 sob a batuta da Parmalat. Procuradas pela reportagem, as duas empresas não quiseram comentar o assunto. Recentemente, a Batavo declarou que estava prestes a definir um sócio e que o mais provável seria a venda de 40% do capital. A venda do controle, no entanto, não foi descartada. Ao retomar a estratégia de adquirir empresas para crescer no Brasil, que foi muito agressiva entre os anos de 89 e 94, a Parmalat dá um importante passo em direção aos planos de deixar de ser um grande laticínio para se tornar uma grande empresa de alimentos. Para analistas do setor, a aquisição da Batavo, ou a associação com ela, faz sentido dentro dessa estratégia porque a Parmalat estará levando para casa tecnologia na área de frango e frios. Claro que a atividade de laticínio da cooperativa paranaense também interessa. Com a aquisição da Batavo, a Parmalat passaria a ser a terceira colocada no mercado de iogurtes, perdendo apenas para Danone e Nestlé. Além disso, a aquisição deve aumentar em cerca de 5% a captação de leite da Parmalat. Hoje, a empresa italiana capta 3 milhões de litros de leite ao dia, ficando atrás apenas da Nestlé, que capta 4 milhões de litros. O negócio com a Batavo também completa os planos da Parmalat de possuir uma unidade de leite em cada estado do país. No Paraná e em Santa Catarina, onde a Batavo é forte, a Parmalat ainda não possui negócios. A Batavo há tempos procurava um parceiro que a tirasse da dificuldade financeira. A cooperativa enfrenta o mesmo problema de endividamento da maioria das cooperativas do país. Estima-se que sua dívida esteja em torno de R$ 70 milhões. A Batavo vem sendo alvo de grande disputada entre gigantes do setor de alimentos. Nos últimos meses, as mais cotadas para ficar com a cooperativa eram a própria Parmalat e outro gigante italiano, o grupo Cragnotti, representado no país pela Bombril-Cirio. Disputa em alimentos A cooperativa paranaense é considerada estratégica para ambos os grupos, já que tanto Parmalat quanto Bombril-Cirio têm anunciado planos de chegar ao ano 2000 na liderança do mercado de alimentos brasileiro, posição hoje ocupada pela suiça Nestlé. Para chegar a essa meta, o grupo Cragnotti só dispõe de dois anos e deverá jogar pesado. O grupo está fora da indústria de alimentos do Brasil há anos, desde que vendeu a Cica para a Gessy Lever. Pelo acordo que fez com a Gessy, o grupo deveria ficar afastado do setor durante cinco anos, prazo que termina agora no início de 98. Analistas já dão como certa a aquisição da Peixe, do grupo Mansur, pela Bombril-Cirio. Outra compra que já estaria selada é a da Brasfrio, uma indústria de conservas mineira. Essas aquisições, no entanto, só devem ser trazidas a público no próximo ano, quando o grupo Cragnotti estiver livre do acerto feito com a Gessy. Agressiva A Parmalat se instalou no Brasil em 77, montando uma pequena fábrica em Minas Gerais. Até 89 sua atuação foi discreta, e naquele ano a empresa faturou US$ 30 milhões. A partir de então, a Parmalat decidiu crescer agressivamente via aquisição de outras empresas. Foram 17 aquisições até 94, quando a empresa alcançou um faturamento de US$ 700 milhões. A última aquisição da Parmalat havia sido em janeiro do ano passado, quando comprou a Laticínios Bethânia para entrar nos mercados do Ceará e do Piauí. Hoje, a empresa tem 20 fábricas - duas em São Paulo, três em Minas Gerais, três no Rio Grande do Sul, duas em Goiás e dez na região Nordeste. A empresa faturou em 96 R$ 1,05 bilhão e deve fechar 97 com receita de R$ 1,15 bilhão. Texto Anterior: AL tem maior crescimento em 25 anos Próximo Texto: Suíça defende política de FHC Índice |
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