São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 1997
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Suíça defende política de FHC

VALDO CRUZ
ENVIADO ESPECIAL À SUÍÇA

O discurso dos empresários suíços sobre o Brasil é muito parecido com o da equipe de Fernando Henrique Cardoso.
Eles defendem a política econômica de FHC, que visita a Suíça em janeiro de 98, e avaliam que o Brasil será beneficiado com a crise asiática.
O diretor para as Américas da Nestlé, o mexicano Carlos Eduardo Represas, chega a dizer que a política cambial, tão criticada pelos empresários brasileiros, não atrapalha as exportações da multinacional da indústria de alimentação.
"A taxa de câmbio no Brasil não representa obstáculo para nossas exportações. Alguns colegas brasileiros podem ter críticas, mas posso dizer que nossa capacidade exportadora não foi atingida."
Represas, que despacha do quartel-general da Nestlé na Suíça, tem uma avaliação que agrada ao presidente do Banco Central, Gustavo Franco.
"Certamente, temos de ser mais eficientes. O que nos preocupa são outros aspectos, como o 'custo Brasil'."
A multinacional tem elevado suas exportações a partir do Brasil nos últimos anos. Em 93, elas estavam na casa dos US$ 60 milhões. Neste ano, devem ficar entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões, o que representa cerca de 4,5% das vendas da unidade brasileira.
A empresa tem motivos para elogiar o Real. O Brasil passou de sexto para quarto mercado da Nestlé no mundo depois do lançamento do plano. Em 93, as vendas da empresa atingiram US$ 1,8 bilhão. Em 96, saltaram para US$ 3,3 bilhões.
Andres Leuenberger, diretor da Vorort (a federação do comércio e da indústria da Suíça), também defende a política econômica do presidente FHC.
Em entrevista a jornalistas brasileiros, ele disse que FHC "está correto em manter a política atual de desvalorizações graduais do câmbio".
Leuenberger avalia que a desvalorização elevada do real provocaria a volta da inflação alta, o mesmo argumento repetido com insistência pela equipe do ministro Pedro Malan durante a crise das Bolsas para justificar a alta dos juros.
O diretor da Vorort, que também é vice-presidente da indústria farmacêutica Roche, diz que muitos pequenos e médios empresários estão interessados na visita do presidente brasileiro à Suíça.
"Muitos empresários querem ouvir o presidente Cardoso para decidir sobre futuros investimentos. Querem saber se o Brasil corre risco de passar por tempestades."
Como executivo da Roche, Leuenberger afirma que a empresa pretende seguir a estratégia de transformar o Brasil na sua base de exportação para a América Latina. A Roche é a número um da indústria farmacêutica na América Latina. A unidade brasileira é a sexta companhia do grupo.
Os empresários suíços concordam com a avaliação dos assessores de FHC sobre os possíveis efeitos positivos da crise asiática para o Brasil.
O presidente da Câmara de Comércio América Latina/Suíça, Christoph Etter, afirma que, "há seis meses, na Suíça, só se pensava na Ásia como local para investimento. Agora, o interesse se transferiu para o Brasil". Entre o Brasil e a Argentina, Etter diz que os empresários suíços tendem a preferir o Brasil.
Apesar de os argentinos terem andado mais rápido com as reformas estruturais, Etter afirma que o Brasil tem algumas vantagens. Entre elas, um grande mercado consumidor e uma boa base industrial.

O jornalista Valdo Cruz viajou a convite do governo suíço

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