São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Volkswagen desiste de demitir em massa

CLAUDIA VARELLA
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

Após a terceira rodada de negociações com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a Volkswagen anunciou ontem que abriu um programa de demissões voluntárias para os 31.500 metalúrgicos de todas as suas unidades no país.
As negociações com os sindicatos da categoria para evitar possíveis demissões em massa e redução da jornada de trabalho e de salários continuam, no entanto, até pelo menos meados de janeiro.
O programa de demissões voluntárias foi aberto ontem e termina no próximo dia 9 de janeiro para todos os funcionários da empresa, inclusive aposentados.
O diretor de Recursos Humanos da Volks, Fernando Tadeu Perez, 43, estima que a adesão ao programa atinja de 5% a 10% dos funcionários -de 1.575 a 3.150 pessoas.
Essa estimativa é bem inferior à previsão da Volks de demitir 10 mil se a proposta da empresa -redução de 20% na jornada de trabalho e nos rendimentos dos funcionários- não fosse aceita.
"O avanço nas negociações é tão grande que efetivamente fica cada vez mais distante o fantasma do desemprego. Depois da reunião de ontem (anteontem), de mais de dez horas, as dispensas estão quase afastadas, eliminadas", afirmou Perez. Segundo ele, sindicato e empresa têm um "elenco de medidas para negociar" sem que passe por demissão em massa.
"Estabelecemos uma premissa de que 'o céu é o limite'. Estamos passando por todas as alternativas possíveis e imagináveis para fazer uma ponte a fim de evitar qualquer demissão", afirmou Perez.
Alternativas
Entre as medidas, estão desde a flexibilização de jornada de trabalho, com banco de horas, até a redução dos benefícios aos funcionários, como assistência médica, transporte e alimentação.
"São pilastras de um acordo que estamos construindo. Estamos agora dependendo de uma sintonia fina para que possamos anunciar o acordo final", afirmou.
Perez disse que a Volks precisa "encontrar um jeito" de economizar dinheiro. A economia seria, segundo ele, de R$ 200 milhões por ano (25% seriam resolvidos, segundo Perez, com o programa de demissões voluntárias).
A ampliação do banco de horas, se adotado, poderia, segundo Perez, ajudar em mais 25% essa economia.
A folha de pagamento da empresa é de R$ 1,1 bilhão por ano. Se computados os benefícios, a folha passa para R$ 1,3 bilhão.
Se a adesão ao programa atingir 10%, a Volks vai desembolsar R$ 31 milhões para o pagamento dos benefícios do pacote, sem contar os direitos rescisórios.
Demissão voluntária
O pacote de benefícios prevê, além dos direitos trabalhistas determinados por lei, o pagamento de 41% do salário para cada ano trabalhado (para horistas) e três meses de assistência médica ou a equivalência em dinheiro. Para mensalistas, o valor é de 50% do salário para cada ano trabalhado e o mesmo período de assistência médica dado aos horistas.
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT), Luiz Marinho, 38, a alternativa de redução de salário está "totalmente descartada".
"Nós tiramos da mesa o maior problema: essa história de reduzir salário", afirmou.
Segundo ele, o sindicato não fará qualquer tipo de campanha para incentivar ou desestimular a adesão ou não ao programa.
O sindicato vai fazer hoje assembléias, nas saídas e entradas dos turnos, para informar os metalúrgicos sobre o programa e os rumos das negociações.

Texto Anterior: FHC não pretende receber sindicalistas
Próximo Texto: Montadora blefa e recua
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.