São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 1997
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Projetos para as comemorações ainda dependem de custeio

Parte dos 85 trabalhos deve ser viabilizada por empresas

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil começam a tomar forma e a gerar preocupações.
A Comissão Nacional do 5º Centenário do Descobrimento, coordenada pelo Itamaraty, contabiliza 85 projetos aprovados que levarão a sua chancela. Entretanto, vários deles ainda não têm garantias de como podem ser custeados.
Até agora, a comissão não conseguiu estimar o custo das comemorações dos 500 anos. Primeiro, porque nem tudo está decidido. Segundo, porque não se sabe qual será a participação da iniciativa privada nas atividades.
Boa parcela dos projetos aprovados serão organizados por empresas, possibilitando assim que seus organizadores captem recursos por meio das leis de incentivos culturais e artísticos.
Um exemplo é a megaexposição prevista pela Fundação Bienal de São Paulo, que vai abrigar em dez módulos toda a arte brasileira, da época pré-cabralina ao ano 2000.
Outros projetos, no entanto, dependem quase que exclusivamente do dinheiro público. A edição comentada de documentos históricos, como a da carta de Pero Vaz de Caminha, a reedição da coleção de livros clássicos da Brasiliana, além de um ciclo de exposições no exterior estão sob condicionamento de verbas.
Também depende de verba pública a viabilização do Memorial do Encontro, um conjunto de monumentos e áreas de exposição a ser erguido em Cabrália, na Bahia -local do descobrimento.
A comissão criada em maio de 93 e efetivada em novembro de 96 ficou sem dinheiro este ano até para serviços básicos, como fotocópias. Faltava uma estrutura jurídica que lhe possibilitasse administrar verbas. A solução foi pedir a cada um dos 17 ministérios que a integram uma "doação" de R$ 4.000 -só quatro atenderam.
Para 1998, foi prevista no Orçamento da União a verba de R$ 4,8 milhões, a ser administrada por uma unidade de gestão temporária. O presidente da comissão, ministro Lauro Moreira, não sabia afirmar se esses valores haviam sido mantidos após a aprovação final do Orçamento pelo Congresso.
Moreira afirma que a maior preocupação não é a de dotar a comissão de verbas, mas sim a de estimular parcerias com entidades que possam patrocinar muitos dos projetos.
A comissão negocia com a Caixa Econômica Federal a realização de cinco sorteios extras da Loteria Federal a fim de que a arrecadação seja destinada a custear projetos sem patrocínio.

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