São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 1997 |
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Crea vê 3 culpados por mortes em show ANDRÉ MUGGIATI ANDRÉ MUGGIATI; FAUSTO SIQUEIRA
O Clube de Regatas de Santos foi o principal culpado pela tragédia em que oito pessoas morreram após um show do grupo Raimundos, realizado no clube dia 8 de novembro. A conclusão é da comissão especial do Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) do Estado de SP, formada para investigar o caso. O advogado do clube, Leopoldo Vilela, afirmou que o Regatas só se manifestará sobre o laudo depois de ter conhecimento oficial. Além do Regatas, também são acusados, como co-responsáveis, a Prefeitura Municipal de Santos e a empresa Rockstrote, promotora do evento. Procurados pela Folha, eles não se manifestaram. O clube é considerado o principal culpado, pois teria sido avisado pelo Corpo de Bombeiros de irregularidades em sua edificação, sem haver tomado providências. A prefeitura é responsabilizada porque não teria vistoriado as instalações do clube e a Rockstrote teria permitido o ingresso de público superior à capacidade do ginásio e não solicitou o fornecimento de policiamento ostensivo. Dois engenheiros da prefeitura, que seriam responsáveis pela fiscalização do clube, também são acusados de não terem investigado a capacidade de público do ginásio e a capacidade de escoamento do público após os eventos. Isso seria obrigatório, segundo a legislação. O acidente aconteceu quando desabou o corrimão da única saída que estava aberta, após o show. Estima-se que cerca de 5.000 pessoas estivessem deixando o ginásio. Algumas pessoas caíram, houve pânico e pisoteamentos. Além dos oito mortos, houve 73 feridos. Segundo o laudo da comissão, assinado por nove engenheiros e arquitetos do Crea, quando o clube e a Rockstrote firmaram contrato para a realização do show, houve "desvio da finalidade da edificação". O ginásio, que deveria destinar-se a eventos esportivos, foi destinado a outro tipo de evento. "Divulgado o evento para a população, a Prefeitura Municipal de Santos não vistoriou o imóvel e não exigiu nenhuma providência técnica dos organizadores, desatendendo às solicitações do Corpo de Bombeiros", diz o laudo. O laudo da comissão do Crea será enviado ao Ministério Público e a todos os envolvidos, para providências. colaborou Fausto Siqueira, da Agência Folha, em Santos Texto Anterior: Hospital é fechado após morte de 5 bebês Próximo Texto: Índios são acusados de atacar mulheres no MS; Deslizamento soterra avenida em Aparecida; Projeto de cadeia tem falha de segurança Índice |
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