São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 1997
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Poupança rende menos em fevereiro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo mudou a fórmula de cálculo da TR (Taxa Referencial), que ficará em um patamar mais baixo que o atual a partir de 1º de fevereiro de 1998. Com isso, vão cair a remuneração da caderneta de poupança e a correção das dívidas da casa própria.
A dimensão da queda do rendimento da poupança depende do nível de juros da economia, que serve de base para o cálculo da TR.
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Francisco Lopes, apresentou um exemplo em que a remuneração da poupança cairia de 1,61%, pela sistemática antiga, para 1,30%, pela nova fórmula de cálculo.
Esse exemplo serve para demonstrar, de forma hipotética, o que ocorreria com os rendimentos programados para uma poupança com aniversário em 9 de janeiro. A TR correspondente passaria de 1,11% para 0,80%. A poupança rende TR mais 0,5% ao mês.
Lopes disse que estão garantidos os direitos dos atuais aplicadores, pois "não haverá mudança antes do próximo aniversário da conta".
Ele citou outro exemplo: uma poupança que tivesse rendimento de 1,34% pelo sistema antigo passaria a receber apenas 1,14%. A TR cairia de 0,84% para 0,64%.
Segundo Lopes, o governo tem duas preocupações ao diminuir a TR: manter a competitividade de outras aplicações em relação à poupança e evitar o alto crescimento de dívidas do governo que são corrigidas pela TR.
Lopes afirmou que, com a elevação da alíquota de Imposto de Renda sobre as aplicações de renda fixa, essa modalidade de investimento perdeu a competitividade em relação à poupança.
Os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) e os FIFs (Fundos de Investimento Financeiro) são exemplos de aplicações de renda fixa. Com o pacote fiscal, passaram a recolher alíquota de 20% sobre os ganhos, em vez de 15%. A poupança é isenta.
"Queremos evitar a migração desenfreada de recursos de uma aplicação para outra", afirmou.
Lopes afirmou que a outra razão foram distorções apontadas por parlamentares sobre a antiga fórmula de cálculo da TR, que provocavam aumento da dívida pública.
O senador José Serra (PSDB-SP) argumenta que o sistema antigo inchava o valor da TR e, assim, aumentava os compromissos do governo com o FCVS (Fundo de compensação de Variações Salariais) e o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Para evitar esse aumento de dívida, Serra apresentou projeto propondo a substituição da TR pelo IGP-M, índice de preços calculado pela Fundação Getúlio Vargas.
Lopes disse que a solução proposta por Serra seria um retrocesso. "É inaceitável, pois voltaríamos a indexar a economia", disse.

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