São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 1997
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Anúncio da CUT gera confusão e adia acordo

SÉRGIO LÍRIO
MAURICIO ESPOSITO

SÉRGIO LÍRIO; MAURICIO ESPOSITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Sindipeças diz que banco de horas está sendo estudado; metalúrgico denuncia pressão da Força

O Sindipeças (entidade que reúne as indústrias de autopeças) confirmou que está negociando com a CUT um acordo para evitar demissões, mas negou que o mesmo já esteja fechado e que faltaria apenas a assinatura.
"Hoje (ontem) pela manhã tivemos mais uma reunião com a CUT e conseguimos um pequeno avanço, que foi o entendimento sobre transformar férias coletivas em licença remunerada", disse o vice-presidente do Sindipeças, Thales Peçanha.
O anúncio de que o acordo estaria fechado foi feito ontem por Paulo Sérgio Ribeiro Alves, presidente da Federação dos Metalúrgicos da CUT.
Segundo Alves, o acordo foi fechado no final da manhã de ontem e seria assinado hoje. Entre as clásulas, estariam a criação de um banco de horas, sem corte de salários, e a estabilidade de emprego, nas empresas que aderissem, durante os três meses de validade do acerto.
Peçanha classificou o anúncio feito ontem pela CUT de mal-entendido e precipitação por parte da central sindical.
"Não temos condições de assinar um acordo que não reduza a folha de pagamento das empresas", acrescentou. A CUT não aceita reduzir salários.
Ribeiro Alves sustenta a informação de que o acordo teria sido fechado. De acordo com ele, houve um recuo do Sindipeças por pressão da Força Sindical.
"Como eles iriam explicar que fecharam com a CUT um acordo melhor, que não inclui perda para os trabalhadores?", perguntou.
Há cerca de duas semanas, o Sindipeças e a Força Sindical fecharam um acordo que permite a redução de até 25% na jornada de trabalho e de, no máximo, 10% nos salários.
O presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros, negou que tenha pressionado o Sindipeças. "Eu não estou nem aí para essa negociação da CUT", disse Medeiros, que estava ontem em Ribeira Preto (SP).
Bom sinal
Segundo o negociador do Sindipeças, o advogado Drausio Rangel, o acordo que a entidade está negociando tem que contemplar três pontos: a transformação das férias coletivas em licença remunerada, a redução da produção e a redução da folha de pagamento em, pelo menos, 10%. Já houve entendimento sobre o primeiro ponto, segundo os empresários.
"Foi um sinal de boa vontade da CUT", disse Rangel.
"O banco de horas, proposto pela CUT, soluciona o problema da jornada, mas não o da folha de pagamento."
O Sindipeças concorda com a criação de um banco de horas, mas desde que venha junto com redução da folha de pagamento.
Segundo Rangel, reduzir a folha de pagamento sem mexer nos salários é possível somente com a redução de benefícios ou de encargos, o que dependeria do governo.
"Poderemos levar ao governo algumas propostas para reduzir encargos, em conjunto com a CUT", afirmou.
O Sindipeças promete retomar negociações com a CUT a partir de 5 de janeiro, quando a maioria das empresas retoma a produção. A central sindical representa cerca de 50 mil trabalhadores no setor.

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