São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 1997
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Ford vai cortar produção

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Ford se prepara para iniciar 98 vendendo 30% menos carros do que em outubro deste ano, antes do anúncio do pacote do governo.
Para enfrentar a queda no faturamento, a montadora decidiu cortar a produção em cerca de 400 veículos/dia, reduzir a jornada semanal de trabalho, eliminar horas extras e abrir um programa para atingir 1.200 demissões voluntárias -de um total de 10 mil funcionários- em quatro meses.
"Vamos vender menos e produzir com custos mais altos, que terão de ser repassados para o consumidor", diz Ivan Fonseca e Silva, presidente da Ford.
Fonseca prevê que os carros ficarão, em média, 5% mais caros por causa do aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) estabelecido pelo governo, mas ainda não repassado para os preços. "Nenhuma montadora tem mais margem para subsidiar o cliente", afirma. Os juros do financiamento também vão subir e chegar a 3% ao mês.
No primeiro trimestre, a queda de vendas deverá ser de 25% em relação a outubro. A recuperação só começa em abril, prevê Fonseca.
As novas medidas entram em vigor a partir de 5 de janeiro, quando os funcionários voltam das férias coletivas.
A montadora vai trabalhar cinco dias por semana, mas a semana terá só 42 horas, duas a menos do que a média de 97.
A meta é produzir mil unidades por dia, contra as 1.400 fabricadas antes da crise. Na fábrica de São Bernardo, onde são montados o Ka e o Fiesta, a produção cai de 1.038 carros por dia para 850.
Com as férias coletivas e a redução de produção, a Ford promove uma diminuição do estoque, que deverá ficar entre 15 mil e 20 mil unidades. Atualmente, conta Fonseca, são 25 mil veículos encalhados na fábrica e rede de concessionárias.
Alguns modelos, principalmente os "populares" mais procurados, devem começar faltar já a partir de janeiro, previne Fonseca. "A redução de produção acaba afetando todos os modelos."
A Ford termina 97 com 285 mil veículos vendidos, 58% mais do que em 96. A participação de mercado da marca, que era de 9%, em janeiro, subiu para 18,4%. Em 98, as vendas devem cair 5%, prevê Fonseca. Mas a queda será menor que a do conjunto das montadoras, estimada em 15%.
A indústria automobilística deve encerrar 97 com 1,93 milhão de unidades vendidas, abaixo da estimativa inicial de 2,1 milhões. Em 98, deve cair para 1,750 milhão. A meta de vender 2,5 milhões de unidades no ano 2000 está comprometida, na avaliação de Fonseca.

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