São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 1997
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Inadimplência do consumidor bate recorde

MAURO ARBEX
DA REPORTAGEM LOCAL

A inadimplência do consumidor deve bater novo recorde histórico neste ano, conforme dados divulgados ontem pela Serasa (Centralização de Serviços dos Bancos).
O número de títulos protestados das pessoas físicas deverá fechar o ano pouco acima de 2 milhões -os dados de dezembro foram estimados pela Serasa-, 15,3% superior ao total de 96, que foi de 1,8 milhão de protestos.
Embora em 95 a quantidade de títulos protestados tenha sido menor que neste ano -1,87 milhão-, aquele ano representa, em termos reais, o pico de inadimplência do consumidor.
"Em 1995, a alta inadimplência ocorreu em cima de uma base de vendas e de crédito bem menor", afirma Elcio Anibal de Lucca, presidente da Serasa.
Neste ano, o crescimento dos títulos protestados se deve, principalmente, ao maior volume de crédito, ao aumento de desemprego e ao elevado comprometimento da renda da população.
A expectativa para o início de 98 também não é boa. Para o economista Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores, haverá um repique da inadimplência do consumidor no próximo ano, embora com menor intensidade que em 95.
"Com o aumento da concessão de crédito ao longo deste ano, a queda da renda e o maior desemprego, a impontualidade de pagamento sem dúvida vai crescer", afirma.
Conforme a Serasa, a participação da pessoa física no total de títulos protestados no país (7,5 milhões em 97) vem crescendo a cada ano. De 17,3% em 93, passou para 27,5% neste ano. A pessoa jurídica participa com 72,5%.
Os números de insolvência das empresas em 97, ao contrário do consumidor, são favoráveis.
Houve uma queda de 6,9% nos títulos protestados; de 28,3% das falências requeridas; e de 42,6% dos pedidos de concordata.
Para Anibal de Lucca, os processos de reestruturação das empresas e maior rigor na concessão de crédito ajudaram a reduzir os níveis de inadimplência entre as pessoas jurídicas.
As empresas, segundo ele, estão se ajustando a um cenário mais competitivo e aprendendo a conceder crédito.
No caso do comércio, a larga utilização do cheque como instrumento de crédito fez crescer o índice de falta de pagamento.
Em outubro, o número de cheques sem fundos era de 9,3 para cada mil compensados, o maior nível já registrado pela Serasa.

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