São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Soldados britânicos vão devolver medalhas

IRINEU MACHADO
DE LONDRES

Veteranos britânicos que combateram na Guerra do Golfo (91) vão devolver as medalhas de heroísmo que receberam do Ministério das Forças Armadas do Reino Unido. Revoltados com o "descaso" das autoridades com relação a doenças que teriam sido adquiridas na guerra, os veteranos querem chamar a atenção para a seriedade da chamada "síndrome da Guerra do Golfo".
Pelo menos 70 veteranos já decidiram participar da devolução em massa, marcada para 17 de janeiro, quando se completam sete anos do início da guerra.
Eles dizem que o governo "esconde a verdade" sobre as causas das doenças que afetaram as tropas e reclamam da dificuldade em obter benefícios previdenciários encontrada pelos veteranos impossibilitados de trabalhar.
Um porta-voz do Ministério das Forças Armadas disse à Folha que o governo trabalha com "esforço redobrado" nas investigações sobre as doenças e no atendimento aos veteranos. "Estamos tomando providências e esperamos que os veteranos continuem do nosso lado. Sobre a devolução das medalhas, não podemos fazer nenhum comentário."
Os sintomas da síndrome do Golfo são vários e nem sempre aparecem simultaneamente: dores musculares, perda de memória, problemas de pele, depressão e asma. Do contingente britânico, 198 homens já morreram desde 1991, 68 dos quais cometeram suicídio.
"Sete anos se passaram e perdemos muitos veteranos. Alguns se matam pela frustração de ir várias vezes ao médico sem conseguir um diagnóstico correto", disse Larry Cammock, 58, médico das tropas britânicas e integrante da Associação de Veteranos da Guerra do Golfo no Reino Unido.
"Eles (o governo) não falam abertamente sobre a quantidade de produtos químicos usada na guerra, nem sobre os aditivos nas vacinas que tomamos, nem sobre a explosão de um depósito de armas iraquiano", disse.
As causas da síndrome não são certas. Além do coquetel de drogas nas vacinas que os combatentes tomaram como proteção contra os agentes químicos iraquianos, há também suspeitas de que alguns dos sintomas sejam causados por exposição a inseticidas.
A explosão do depósito de armas iraquiano de Kamisiah é outra hipótese. O depósito foi destruído no dia 10 de março de 1991, 11 dias depois da rendição do Iraque.
Em 1996, o Departamento de Defesa dos EUA admitiu que havia produtos químicos no depósito.

Texto Anterior: Dodi pediu Diana em casamento
Próximo Texto: A síndrome da Guerra do Golfo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.