São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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Futebol de resultado ataca a contragosto

FÁBIO VICTOR; LUIZ CESAR PIMENTEL; RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem ter outra opção, o técnico palmeirense, Luiz Felipe Scolari, entra no Maracanã com um time mais ofensivo do que gosta, afinal, só a vitória dá o quinto título nacional à sua equipe.
Ele deve confirmar o meia armador Marquinhos no lugar de volante Galeano. "Vai ser o time do primeiro jogo, com a possibilidade de o Galeano entrar", disse Scolari.
A opção por Marquinhos, que cumprirá também funções defensivas, dá maior oportunidade ao time de marcar gols em chutes de fora da área ou em cobranças de faltas, especialidades do meia.
"O Vasco vai jogar fechado, e as bolas paradas serão decisivas. Os chutes de longe vão ser o desafogo do Palmeiras", diz Marquinhos, vice-artilheiro da equipe na temporada, com 18 gols, a maioria pelo Campeonato Paulista.
"O Luiz Felipe me tirou do time porque achava que não estava rendendo, mas agora é minha oportunidade", afirma o meia que se refere ao jogo de hoje como o teste definitivo para sua permanência no clube paulista.
Futebol de colônia
A opção vai a contragosto do esquema tático usual de Scolari, e isso se percebe em suas declarações.
"O Vasco vai jogar pelo empate. Se minha equipe estivesse nessa situação, eu daria muito mais ênfase para a possibilidade do empate."
Mesmo assim, Scolari responde quando o rotulam de retranqueiro. "O Vasco está jogando atrás e chamam de futebol-arte. O Palmeiras, se defende um pouco, é futebol de colônia."
O Vasco é o time que menos finalizou durante o Brasileiro (11,5 por jogo, contra 16,5 do Palmeiras), e, ao mesmo tempo, tem o ataque mais eficiente, com 69 gols.
"Só a qualidade de nossos meias e as jogadas pelas laterais podem quebrar o bloqueio da defesa vascaína", afirma.
Tabu pode cair
O meia Zinho tem concentrado as jogadas da equipe, com a maior média de bolas recebidas, segundo o Datafolha. São 44 por jogo.
Ele também é o mais driblador entre os atletas palmeirenses, 6,4 dribles por partida.
"Nada melhor do que jogar a final no Maracanã com 90 mil pessoas. Já fui várias vezes campeão lá. Há o tabu de nunca um paulista ter ganho uma decisão no Maracanã. Agora, me sinto um pouco paulista, vai ser diferente."
Zinho se contundiu no tornozelo esquerdo em um choque com o zagueiro Roque Júnior, no treino de quinta-feira, e foi poupado do treinamento de anteontem.
"Estou 100%, só não treinei para fazer tratamento para desinchar o local", afirmou.
Críticas de Scolari
O atacante Viola, que também saiu sentindo dores no treino de quinta-feira, voltou a treinar sem problemas.
"Temos que jogar para a frente, sem desperdiçar uma oportunidade de gol", afirma Viola, confirmando a tese ofensiva.
O Palmeiras que chega à final não agrada ao técnico. "Falta bastante nesta equipe. Quero ainda um time que imponha respeito antes mesmo de entrar em campo."
Mas o técnico não deixa de elogiar a equipe finalista. "O time atual tem mérito. Não foi obra do acaso ser finalista."
Scolari confia em seu histórico de triunfar fora de casa, como na Taça Libertadores 95, quando, dirigindo o Grêmio, bateu o Nacional de Medellín na Colômbia.
Parte dessa confiança está no zagueiro Cléber, melhor da equipe no quesito desarme (26 por jogo).
O outro integrante da dupla de zaga, Roque Júnior, se encarrega mais de uma função menos nobre, as faltas, com uma média de 3,7 por jogo.
(FV, LCP e RB)

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