São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997 |
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Perfil de aluno do provão revela elitização
FERNANDO ROSSETTI
No resultado global, 75% dos estudantes que participaram do exame este ano vivem em famílias com renda mensal superior a dez salários mínimos (R$ 1.200). Essa faixa salarial reúne apenas 17% das famílias brasileiras. A elitização é mais evidente no grupo de renda familiar acima de 20 salários mínimos (R$ 2.400): dependendo do curso, representa de 38% a 51% dos estudantes universitários, contra 7% da população (veja quadro ao lado). Apenas 3% dos universitários vivem em famílias com renda de até três salários mínimos (R$ 360), enquanto 42% dos brasileiros vivem com essa remuneração. Ou seja, a universidade não está tendo um papel que é comum em países desenvolvidos, de servir como um instrumento de ascensão social para as camadas mais pobres da população. Atende uma elite que, por isso, continua elite. O provão -ou Exame Nacional de Cursos- foi criado pelo Ministério da Educação no ano passado para testar o conhecimento de alunos no último ano de graduação. Atingiu este ano 85 mil estudantes, distribuídos em 822 cursos de administração, direito, engenharias civil e química, odontologia e veterinária. Administração x odonto "O que chama a atenção é como o grupo de administração e direito é completamente diferente do grupo de engenharia química, odontologia e veterinária", afirma Maria Helena Guimarães de Castro, presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). Em administração e direito, os estudantes são mais velhos (metade tem mais de 25 anos), trabalham (62% e 38%, respectivamente, com expediente de 40 horas semanais) e vão à faculdade à noite (80% dos alunos de administração e 62%, de direito). "A renda familiar do estudante de administração é a renda dele mesmo e não a de seus pais", diz Maria Helena. Odontologia, veterinária e engenharia química invertem a relação: seus estudantes são mais jovens (80% dos de odonto têm até 24 anos) e não trabalham (68% de odonto e 59% de veterinária). Engenharia civil se coloca entre esses dois extremos. Apesar dessas diferenças entre os cursos, neles não se notam discrepâncias significativas quanto à origem dos alunos de públicas e particulares -nos dois casos, a maioria dos estudantes fez o segundo grau em escola particular. Texto Anterior: Bebida alcoólica traz riscos para o bebê; Instituto de SP oferece curso sobre cardiologia; Médico critica critérios para morte cerebral; Obra aborda doenças causadas por micro; Mistura de drogas não melhora a analgesia; Psicanálise debate a homossexualidade; Vigilância contínua pode prevenir sarampo Próximo Texto: Ministro evita citar cobrança Índice |
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