São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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Ásia deve manter Bolsas sob pressão

OSCAR PILAGALLO
ENVIADO ESPECIAL A SEUL

Os mercados financeiros asiáticos, cujo colapso está na origem do crash global, devem continuar sendo a principal fonte de pressão de baixa sobre as principais Bolsas de Valores do mundo, inclusive a de São Paulo.
Após terem despencado nos últimos meses, as Bolsas asiáticas ainda não encontraram o fundo do poço porque continuam expostas ao mesmo ambiente econômico que provocou o início da crise, em meados do ano.
Ontem, a Bolsa de Valores da Coréia operou em baixa durante quase todo o pregão para se recuperar apenas no final da sessão devido a notícias de que a Assembléia Nacional aprovará reformas econômicas nesta semana, após ser reaberta amanhã.
O mercado acionário, que aos sábados funciona meio período, fechou com ligeira alta (3,17 pontos), após ter caído mais de 21 pontos na véspera, quando foi conhecido o resultado da eleição presidencial, que deu a vitória ao candidato da oposição, Kim Dae Jung.
A Bolsa coreana, que voltou ao patamar de 400 pontos, operou sem referência internacional e sem a influência do mercado cambial, que não funciona aos fins-de-semana. O índice está quase 50% mais baixo do que o registrado há três meses, antes do início da crise.
O foco internacional está concentrado sobre a Coréia, que enfrenta a crise mais grave da região, e sobre o Japão, porque é a economia mais influente da Ásia.
No Japão, onde nove empresas negociadas na Bolsa de Tóquio pediram concordata neste ano, as falências devem continuar a crescer. O total de dívidas de empresas falidas subiu mais de 40% até novembro em relação ao mesmo período do ano passado.
Além dos problemas internos, o Japão sofrerá com a maior concorrência dos países asiáticos nos mercados internacionais. Eles terão cada vez mais competitividade após as fortes desvalorizações de suas moedas.
Quanto à Coréia, está sendo vítima das incertezas que provoca no mercado financeiro internacional.
Ontem, em Seul, o presidente eleito almoçou na Casa Azul, a sede do governo, e acertou detalhes da transição até a posse, que deverá ocorrer em 25 de fevereiro.
Esse vácuo político torna a economia do país ainda mais vulnerável aos investidores estrangeiros, que têm a receber US$ 20 bilhões, relativos a créditos que estão vencendo até o final do ano.
A Coréia não tem esse dinheiro, que é equivalente a três vezes suas dilapidadas reservas internacionais. A possibilidade de "default", portanto, continua assustando o mercado. O primeiro pagamento que o país deixar de honrar pode aprofundar o crash global.

LEIA MAIS sobre a Coréia na pág. 2-5

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