São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pneu trava pré-temporada na Indy

LUÍS CURRO
ENVIADO ESPECIAL A HOMESTEAD (EUA)

Ainda na "entressafra" -faltam quase três meses para o início do campeonato de 98-, a maioria das equipes da Indy já está em alta temporada de testes.
A maior preocupação envolve os times que são abastecidos pelos pneus Goodyear, que, em 97, levaram uma "surra" dos rivais que corriam com Firestone.
Neste ano, equipes com Firestone venceram 13 corridas. As com Goodyear, quatro.
Em 96, a Firestone já havia levado a melhor, ganhando 10 de 16 provas -cinco vezes mais do que em 95, ano em que a fábrica, após 21 anos de ausência, retornou à Indy para conquistar duas vitórias.
Para mudar a situação, desde o final da temporada, em outubro, a Goodyear tem realizado testes em diferentes circuitos (de rua, mistos e ovais) a cada dez dias, em média.
Segundo um dos engenheiros da equipe, já foram até agora feitos 12 grandes testes. Pelo menos outros cinco acontecerão antes do início da temporada, previsto para 15 de março, em Homestead.
Sigilo
A Firestone, com a intenção de manter em total sigilo o desenvolvimento de seus pneus, não divulga o número nem os locais de testes na pré-temporada.
"Só posso dizer que, para que haja uma continuidade de resultados, a Firestone está testando tanto ou mais que a concorrente", disse Woody McMillin, assessor de imprensa da Firestone.
O brasileiro Gil de Ferran, 30, da equipe Walker, vice-campeão neste ano, já fez testes em cinco circuitos -Milwaukee, Firebird, Montegi (Japão), Sebring e Homestead.
O motor (Honda) e o chassi (Reynard) são velhos, mas, mesmo assim, a Walker tem testado intensamente com a Goodyear, com a intenção de conseguir desenvolver compostos de pneus que consigam competir com os da Firestone no ano que vem.
E não somente o melhor pneu, mas a melhor combinação deles para cada circunstância (diferentes climas e temperaturas do asfalto) e para cada tipo de pista.
"Perdi o campeonato por uma série de pequenos fatores que não deram certo. Em determinados momentos, os pneus foram um deles", disse Gil de Ferran.
Equipes
Em 98, além da Walker, contarão com pneus Goodyear as equipes Penske, Newman-Haas, Bettenhausen, Davis, de Gualter Salles, e All American Racers.
A Rahal e a DellaPenna, que corriam com Goodyear, decidiram mudar para Firestone.
Para o dono da equipe Walker, Derrek Walker, 53, que está na Indy há sete anos, sempre com a parceria da Goodyear, a Firestone está em vantagem porque "teve anos de estudo enquanto a Goodyear ganhava corridas".
"Atualmente, (os pneus da Firestone) estão um pouco mais desenvolvidos. Acho que a borracha está melhor", disse Walker, um senhor calvo com 1,70 m e que acompanhou de perto os treinos de Gil de Ferran, o único piloto da equipe, no oval de Homestead (Estado da Flórida, sudeste dos EUA), quarta e quinta-feira passadas.
Ele disse que poderia ter mudado para a Firestone, mas que, pelo tempo de trabalho junto, criou uma relação de confiança com o atual fornecedor.
"Há testes exaustivos, e creio que a Goodyear pode e vai melhorar muito", afirmou.
"É uma aposta. As coisas no automobilismo mudam sempre a cada ano", completou Walker.
Nas duas últimas temporadas, além de vencer mais provas do que a rival Goodyear, a Firestone também chegou aos títulos na Indy.
Em 96, o norte-americano Jimmy Vasser, da equipe Ganassi, foi o campeão.
Neste ano, ganhou o italiano Alessandro Zanardi, também da Ganassi. Ele correu com chassi Reynard e motor Honda, mesmo equipamento de Gil de Ferran.
Mas Zanardi contou com pneus Firestone. Ferran, com Goodyear.

O jornalista Luís Curro viaja a convite da equipe Walker

Texto Anterior: Superliga vai parar na areia
Próximo Texto: Entenda como é um teste
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.