São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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É hoje!

JUCA KFOURI

Com Edmundo ou sem Edmundo, o Vasco é o favorito.
Com Edmundo, o Vasco fez disparadamente a melhor campanha do campeonato. Sem, também se saiu bem.
Com Edmundo ou sem Edmundo, o Vasco joga em casa e pelo empate.
Com Edmundo ou sem Edmundo, o Vasco é suficientemente bom e experiente para ser tricampeão hoje.
Com Edmundo ou sem Edmundo, o Maracanã é testemunha histórica de comemorações antecipadas.
Em 1950, aliás, com Zizinho e Ademir, deu Obdulio Varela e Gighia.
O Galo foi campeão brasileiro no Maracanã; o São Paulo foi campeão no Mineirão; o Grêmio no Morumbi; o Flamengo no Olímpico; o Coritiba no Maracanã; o São Paulo no Brinco de Ouro; o Bahia no Beira-Rio; o Vasco no Morumbi; o São Paulo em Bragança e, finalmente, o Botafogo foi campeão no Pacaembu.
Dez campeões fora de casa em 26 anos de história do Campeonato Brasileiro!
Sem Edmundo ou com Edmundo, o Palmeiras não pode ser considerado zebra.
Sem Edmundo ou com Edmundo, o Palmeiras é suficientemente bom para ser pentacampeão hoje.
Sem Edmundo, o Vasco será mais tricampeão.
Com Edmundo, o Palmeiras será mais penta.
*
Sejamos realistas: qualquer clube brasileiro faria o que o Vasco fez para ter um jogador importante numa decisão.
Sejamos idealistas: um dia nenhum clube brasileiro agirá como se os fins justificassem os meios.
Sejamos práticos: o código brasileiro de futebol é uma vergonha digna de nossos cartolas, e é preciso fazer um novo urgentemente.
Sejamos realistas: os cartolas que estão aí não o farão.
Sejamos idealistas: um dia teremos os cartolas que nossos craques merecem.
*
Por falar em realismo, idealismo e coisas do gênero: raramente alguém se dopa e admite que se dopou.
Só que chorar depois não adianta nada.
O caso de Ânderson, do Inter, que comeu pão com sementes de papoula, é exceção.
Mas o que você diria se soubesse que um presidente de comissão antidopagem é sócio de um cartola e vende os kits para os exames?
Pois saiba que até numa área tão delicada tem dessas coisas em nosso esporte.
E eu sei o que você respondeu: estamos no Brasil!

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