São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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PONTEIROS PARTIDOS

. HILDA HILST
"Me fechei nessa casa aos 33 anos para criar uma obra literária. Me retirei no auge da minha beleza, renegando minha agitada vida social. Foi uma atitude radical. Me entreguei por inteiro", diz a escritora Hilda Hilst, hoje com 63 anos em sua casa em uma chácara próximo a Campinas (SP).
"Quando eu era jovem, já escrevia muito bem. Os críticos diziam que não era possível que uma mulher jovem e bela escrevesse assim. Agora que estou velha, dizem que meus textos são de difícil acesso, que sou louca".
Nesses 30 anos de quase clausura a que Hilda Hilst se submeteu, ela estabeleceu uma rotina perturbadora: "Logo ao acordar, eu me mantinha fechada com a máquina de escrever em meu quarto, e só me liberava para sair de lá após escrever no mínimo 500 palavras. Alguns dias eram terríveis, porque não conseguia escrever e saía do quarto no final da tarde, para brincar um pouco com os cachorros".
Na entrada de seu escritório, há um relógio de ponteiros quebrados no qual uma inscrição assevera: "É mais tarde do que supões".

HILDA HILST nasceu em 1930 em Jaú (SP). Publicou "Cartas de um Sedutor" (Paulicéia) e "Contos de Escárnio, Textos Grotescos" (Siciliano), entre outros. Recentemente lançou "Estar Sendo - Ter Sido" (Nankin). Vive em um sítio na região de Campinas (SP).

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