São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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Descobertas genéticas podem combater tumores

JOSÉ REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Science" (275, 1943, 1997) publicou artigo que revela a existência de mais um gene supressor de tumores na lista de 16 já conhecidos, o PTEN. Esses genes têm a propriedade de, quando ausentes ou atacados de certos defeitos, promover a progressão de tumores como o mamário, prostático e gliomas (cânceres muito malignos do cérebro). Atentem bem: quando ausentes ou defeituosos, eles podem estimular cânceres de vários tipos.
O PTEN foi identificado por Ramon Parsons e Jung Li, da Universidade de Columbia, que estavam unidos na pesquisa de genes do câncer mamário.
Depois que souberam que um câncer parecido com o que estudavam estava sendo clonado por outra equipe, o grupo começou a trabalhar com redobrada velocidade e, em pouco tempo, descobriu o novo gene, que se revelou igual ao do outro grupo.
O segundo grupo, que não mudou sua técnica de trabalho, é chefiado por Peter Steck e conta com a colaboração de Sen Tavtigian, o primeiro do Centro de Câncer M. D. Anderson, em Houston, e o segundo da Myriad Genetics, em Salt Lake City.
A comunicação de Steck saiu na "Nature" uma semana após o artigo da "Science".
Assim como Parsons e colaboradores denominaram de PTEN o seu gene, Steck e colaboradores chamaram de MMAC1 o por eles descoberto, mas o nome que deve prevalecer, pela prioridade, é PTEN.
Esse gene encontra-se no cromossomo 10. Sua descoberta despertou grande entusiasmo entre os especialistas, que o consideraram tão importante quanto o p53, o retinoblastoma e o p16, ligados a vários tipos de tumores.
O cromossomo 10 é completa ou parcialmente ausente em diversos cânceres, especialmente nos agressivos gliomas.
Alguns cientistas suspeitam que também contenha o gene de uma rara e hereditária moléstia chamada doença de Cowden, cujas vítimas são predispostas a diversos cânceres, entre os quais o mamário.
Ambos os grupos de cientistas se mostram convencidos do valor do gene que descobriram. Mesmo antes de saber como o gene funciona, já estão aparecendo suas possíveis aplicações clínicas, como um teste para diagnóstico precoce da doença de Cowden.
Outra possibilidade de aplicação consiste em prever o grau de malignidade do câncer prostático. Também se tem alegado que o PTEN possa servir no desenvolvimento de terapias.

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