São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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Árvore de Natal canta e faz sucesso

JOHN CARLIN
DO "THE INDEPENDENT"

Apesar do estouro de vendas de Natal na Internet, é lá fora, no mundo de carne e osso (como o povo cibernético costuma dizer), que o dinheiro grosso é gasto.
Cerca de US$ 600 bilhões já passaram pelas caixas registradoras na temporada natalina deste ano, até o início da semana passada.
As crianças estão particularmente excitadas com a última contribuição do Japão para a cultura global, o bichinho de estimação virtual. Outro grande sucesso de vendas tem sido Ernie, um boneco que boceja e diz "Estou com tanto sono" quando sua mão é apertada, canta a música "Twinkle, Twinkle Little Star" e depois ronca quando é colocado de bruços.
Mas talvez o produto novo mais excitante do ano seja a árvore de Natal cantora. Ela parece exatamente igual às outras árvores de Natal, exceto pelo rosto sorridente de borracha que olha por trás dos galhos e, respondendo a um som estridente, canta famosas canções de Natal com o lábio sincronizado.
Cada performance termina com um "muito obrigado", dito num som que, supostamente, é igual à voz de Elvis Presley.
A árvore de Natal cantora (US$ 39,99) tem vendido tanto nas lojas de departamento que seus fabricantes estariam morrendo de remorso por não terem pensado em triplicar a produção antes.
Adultos na outra ponta do mercado têm sido mais previsíveis em suas compras, embora mais ostentatórios, segundo os comerciantes.
Numa aparente resposta a um ano feliz em Wall Street, as lojas Cartier estão se esforçando para atender à demanda de seus relógios Tank Française, cujos preços vão de US$ 2.300 a US$ 66.500.
Os ricos, desesperados para serem vistos como tal, estão comprando tudo que exiba as marcas Gucci, Chanel ou Prada.
Uma exceção, curiosamente, vem sendo Hollywood. As estrelas de cinema, de acordo com o jornal "The New York Times", decidiram trocar livros de presente.
A Disney Corporation e a agência Creative Artists adquiriram o hábito de controlar estrelas difíceis ou acolher novos diretores com presentes de uma loja de livros raros de Los Angeles.
Sharon Stone e James Spader estariam entre os apreciadores de manuscritos clássicos. O mesmo ocorreria com Brad Pitt, que recompensou o diretor de um filme no qual trabalhou com uma primeira edição de "Finnegan's Wake", de James Joyce -o que tende a confirmar a suspeita de que tais livros, uma expressão do desejo de eternidade em Hollywood, não são realmente para serem lidos.
(JC)

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