São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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diga não ao pequeno consumidor no Natal

ALEXANDRA OZORIO DE ALMEIDA

A chegada do Natal atiça a vontade de fazer compras em praticamente todo mundo. Nas crianças, o efeito tende a ser ainda maior e aí como dizer não e tentar explicar que é holerite ou recessão?
Muitos pais, culpados por não terem tido tempo durante o ano para os filhos, tentam preencher a lacuna de afeto e atenção com presentes. "Em troca, os filhos, impulsionados pela mídia, que mostra o Natal como uma hora de consumo, começam a cobrar dos pais coisas materiais", diz a psicóloga infantil Maricy Dechara.
Se os pedidos começam a ficar exagerados, os pais devem repensar suas próprias atitudes. "Se a criança pede milhões de presentes é porque aprendeu a ser assim. O Natal é um bom momento para começar a impor limites", afirma a psicóloga Rosely Sayão.
Segundo ela, a criança deve escolher um ou dois presentes. "Assim, ela vai aprender a tomar decisões e a prezar a escolha que fez. A criança deve se fixar não nos presentes que perdeu, mas nos que ganhou."
Ao pedir um presente, a criança pode estar apenas cobrando mais carinho e dedicação dos pais, lembra Maricy. "O Natal é uma boa hora para os pais dedicarem mais atenção às crianças. É importante pensar que a data é um momento de troca de carinho e afeto. Cabe aos pais dar um outro sentido ao Natal que não o mero consumismo, aproveitando o momento de convivência familiar."
Para Rosely, o presente deve ser valorizado como expressão de carinho e afeto. "Tem gente que dá presente por causa de datas. O Natal deveria servir apenas para tornar concreto um sentimento abstrato como amor ou carinho."
O ideal é, com sensatez, ouvir os pedidos das crianças. "Obviamente, ganhar um presente que foi pedido significa que a pessoa pensou na criança ao comprá-lo, e não em si mesma", diz Rosely.
"É melhor que os pais dêem um presente dentro de suas possibilidades econômicas e usem o brinquedo como pretexto para passar algum tempo brincando com os filhos do que gastar uma fortuna em jogos e deixar a criança sozinha", completa Maricy.

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