São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 1997
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No Paraná, PFL é contra as privatizações

FLÁVIO ARANTES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Na última semana, a Assembléia Legislativa do Paraná autorizou o governo do Estado a vender 49% das suas ações da Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná).
O projeto de autorização, que é do Executivo, mantém o controle acionário da companhia nas mãos do Estado, que continuará a ter 51% das ações com direito a voto.
Ao manter o Estado como dono da companhia, a proposta reforça a política contrária às privatizações do governador Jaime Lerner.
Junto com os bancos estaduais e as energéticas, as companhias de saneamento formam a principal trinca de ativos dos programas estaduais de privatização.
Lerner também não admite privatizar a Copel (Companhia Paranaense de Energia) e, mesmo a venda do Banestado (Banco do Estado do Paraná), não é garantida.
O detalhe é que, ao colocar-se contra as privatizações, Lerner se choca com um dos principais dogmas do PFL, seu partido: a defesa radical da desestatização.
"Eu não vou atrás de modismos", justifica o governador, para quem "o que é bom para os outros Estados não é necessariamente bom para o Paraná".
"Função Social"
No Estado, os opositores do governador também não defendem as privatizações.
Um exemplo é o PSDB. "Não há no Estado o que privatizar", afirma o ex-governador Álvaro Dias, a principal liderança tucana do Paraná e pré-candidato ao governo.
Dias é também presidente da Telepar (Telecomunicações do Paraná), cargo que deve deixar em 98, quando a estatal deve ser vendida.
"A privatização da Copel não se recomenda. É uma empresa eficiente, superavitária e cumpre uma enorme função social como empresa pública. Já a Sanepar tem presença destacada e é de fundamental importância para a sociedade", diz o ex-governador.
Para Dias, "fora de um contexto nacional", nem mesmo a Telepar deveria ser privatizada. "Ela dá lucro, mas sou a favor da privatização como interesse nacional", diz.
PT
No Paraná, a oposição do PFL às privatizações acaba colocando o partido em posição semelhante à de um dos principais líderes do PT no Estado, Luis Eduardo Cheida, prefeito de Londrina entre 93 e 96.
Cheida, pré-candidato a governador, conta que obteve US$ 40 milhões com a abertura do capital da Comurb (Companhia Municipal de Urbanização) e da Sercomtel (Serviço de Comunicação Eletrônica), a tele municipal, quando prefeito de Londrina.
"O papel do Estado é abrir o capital das suas empresas para a iniciativa privada, mas sem perder o controle acionário das empresas."

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