São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dezoito governadores querem se reeleger

EMANUEL NERI

EMANUEL NERI; ABNOR GONDIM
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Até os petistas, cujo partido votou contra a emenda aprovada na Câmara, planejam ficar mais quatro anos

ABNOR GONDIM
Os petistas Cristovam Buarque, do Distrito Federal, e Vitor Buaiz, do Espírito Santo, constam da relação dos que sonham com mais quatro anos. "Segundo mandato não é absurdo", diz Buarque. "O projeto é viável", declara Buaiz.
Todos os 27 atuais governadores foram ouvidos pela Folha -alguns se manifestaram por intermédio de suas assessorias de imprensa. Há basicamente quatro tipo de respostas sobre os planos de cada um para a eleição de 98.
Quatro deles dizem sem maiores rodeios que são mesmo candidatos. "Quero ser candidato porque gosto do que faço", afirma o catarinense Paulo Afonso (PMDB). "Curto mesmo ser governador."
Na mesma linha de candidatura assumida estão os governadores Amazonino Mendes (PPB), do Amazonas; Roseana Sarney (PFL), do Maranhão; e Francisco Sousa, o "Mão Santa" (PMDB), do Piauí. A única mais cautelosa é Roseana.
"Se as condições forem favoráveis, serei candidata", diz. "Mão Santa" já teve até lançamento de candidatura, feito por 37 prefeitos de uma das regiões de seu Estado. Amazonino diz que é candidato porque tem popularidade.
Candidatos discretos
O bloco mais numeroso, no entanto, é formado por aqueles governadores que, em público, apontam condições para disputarem um segundo mandato. Seus assessores, no entanto, dizem que eles são candidatíssimos.
O bloco dos candidatos discretos reúne 14 governadores. Muitas vezes esses governadores também mudam rapidamente de opinião. Na noite da aprovação da reeleição, Marcello Alencar (PSDB), do Rio, disse não ser candidato.
No dia seguinte, deu outra declaração. "Posso até vir a me dar a esse sacrifício", diz Alencar. "Novo mandato? Depende de avaliação no ano que vem", afirma o mineiro Eduardo Azeredo (PSDB).
"Só Deus sabe", diz Dante de Oliveira, do Mato Grosso -de tanto defender a emenda da reeleição, ele acabou sendo expulso do PDT. "Vou ouvir os políticos que me apóiam. Vamos analisar", diz.
"Posso me candidatar. Mas ainda vou amadurecer isso", afirma Garibaldi Alves Filho (PMDB), do Rio Grande do Norte. Para outros governadores, a idade avançada não é representa limites para sonhar com um novo mandato.
"Nós vamos deixar primeiro que as coisas aconteçam, e tratar de tomar decisões na hora oportuna", afirma Miguel Arraes (PSB), 80, de Pernambuco.
No Paraná, o governador Jaime Lerner abandonou definitivamente seu plano de disputar a eleição presidencial pelo PDT. Com FHC no páreo, é mais fácil um segundo mandato local. "É muito cedo para tomar decisão", diz.
O grupo de Lerner, no entanto, já articula sua candidatura. O ex-prefeito de Curitiba Rafael Grecca, que pretendia se candidatar, tem falado em desistir para apoiar a reeleição de Lerner.
Entre os demais governadores, há três indecisos, além daqueles, como o paulista Mário Covas (PSDB), que dizem não ser candidatos. Mas o PSDB acha que ele sai candidato -afinal, ele também discordava da reeleição para FHC.
Mas há aqueles que parecem sinceros. Wilson Martins (PMDB), 79, do Mato Grosso do Sul, acha que chegou a hora de parar. "Digo e redigo: não sou candidato." Siqueira Campos (PPB), de Tocantins, gostaria de eleger o filho.
No caso do governador baiano Paulo Souto (PFL), a opção é mesmo a lealdade. "O candidato natural é o Luís Eduardo Magalhães", diz, referindo-se ao filho do todo-poderoso Antonio Carlos Magalhães, seu padrinho político.

Texto Anterior: A disputa no Senado
Próximo Texto: Estratégia para aprovar reeleição foi traçada em 1994
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.