São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997
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Mulheres tiram roupa para realizar sonho

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Existe fantasia mais arrebatadora que posar nua para fotos? Na opinião de algumas mulheres, não. Elas tirariam a roupa de graça, só pela vaidade de aparecer na revista, no jornal ou mesmo em um pôster gigante na sala de casa.
"Ficaria muito orgulhosa de ter uma foto sem roupa, em tamanho natural, na parede da sala", diz a estudante de teatro Marialine Pimenta, 32. "Eu me adoro."
Marialine chegou a posar nua, mas ainda não viu as fotos. "A oportunidade apareceu quando eu tive de fazer um book (álbum) para o teatro", diz. "Acabei voltando lá para uma sessão sem roupa."
Separada há oito meses, depois de um casamento de sete anos, Marialine diz que naquela época seria impossível pendurar uma foto nua na parede da sala.
"Meu marido jamais admitiria", afirma. "Ele já não gostava muito que eu colocasse nos porta-retratos de casa, em tamanho pequeno, minhas fotos vestida."
Na quinta-feira passada, Marialine posou de novo nua, só que agora para a Folha. A sessão durou mais de três horas.
"Fiquei nervosa no início, mas depois relaxei", conta. "Aos poucos me senti o próprio mito sexual diante das câmeras."
Ela deixou para ver o resultado hoje, junto com os leitores do jornal. "Será que é muito exibicionismo da minha parte?"
Garota do pôster
Marialine pode ser exibicionista, mas não está sozinha. Quem garante é o responsável pelo atendimento ao leitor da revista "Playboy", Romário de Oliveira.
"Recebemos uma média de 70 cartas por mês, só de mulheres se oferecendo para posar nuas", diz. "Quando há concurso, esse número chega a 3.000."
Algumas pensam no dinheiro, mas boa parte das mulheres escreve só pela fantasia de aparecer nua na revista.
É o caso da funcionária da Justiça Federal em Curitiba Sandra do Espírito Santo, 26.
Sandra mandou uma carta para a revista no final de 1992, com uma foto sua de biquíni. Ela tinha perdido as esperanças, quando a chamaram para um teste no estúdio.
"Eles queriam me colocar em uma sessão de candidatas a coelhinhas, mas gostaram muito do teste", conta Sandra, que acabou virando playmate (garota do pôster) de junho de 96.
Sandra é casada há seis anos e, na ocasião em que posou para as fotos, estava grávida de dois meses. "Meu marido deu a maior força."
Ela não conta quanto ganhou para posar nua. "Claro que é bom ser, ainda por cima, remunerada, mas isso não é o mais importante", diz. "Eu teria feito de graça."
O mais importante para Sandra é o que ela chama de "sensação de liberdade". "Ali, no pôster central da 'Playboy', eu sou uma mulher livre de qualquer preconceito."
Sandra diz que a repercussão foi boa. "Não tive problemas no trabalho nem com os conhecidos."
A repercussão não preocupa a manicure Tilda Nascimento, 36, que também adoraria ser capa de revista masculina. O problema é que ela acha que passou da época.
"Já fui um pedaço de mulher, mas, depois que me casei e tive filhos, o peito e a bunda caíram."
Diferente de Sandra, Tilda não faria as fotos pensando só em si. "Fico me imaginando linda, maravilhosa e objeto de desejo de homens que eu nem conheço", diz.
A multidão desejosa parece não inibir também a pedagoga Ana Lúcia Custódio Ferreira, 32.
"Sempre sonhei em aparecer de biquíni, ou mesmo nua, naquele outdoor que fica na (avenida) Pedro Álvares Cabral, do outro lado da Bienal, em frente ao farol."
Ana Lúcia diz que se ama. "O que a gente tem de legal é para mostrar (leia texto abaixo)."

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