São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997
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Seguidores do Olodum usam toga de romano

MÔNICA LIMA
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

A princípio "Roma Negra", o tema escolhido pelo Olodum para o Carnaval deste ano, pode parecer esquisito. A primeira pergunta que vem à cabeça é: "Será que em algum tempo Roma teve tanta população negra?".
Mas o que importa, nesse caso, é a religião e não a raça.
"Roma Negra" é um paralelo que os antropólogos gostam de traçar entre a "Cidade Eterna" e a Bahia, quanto à religiosidade: os romanos com a fé católica e os baianos com o candomblé.
Essa foi a idéia do artista Alberto Pita, 36, que há 12 anos vem criando estampas e modelos das fantasias dos foliões do Olodum.
Nas cores tradicionais do bloco -vermelho, verde, preto e amarelo-, a fantasia deste ano, que remete a uma toga romana, ganhou também tons de azul e prata e homenageia blocos afro e organizações negras.
É de Pita também a inovação que os 5.000 homens do Afoxé Filhos de Gandhi levam para a avenida este ano. A maneira de enrolar o lençol branco no corpo é a mesma e os colares são os mesmos.
Mas, pela primeira vez, o "tapete branco", como é chamado o Filhos de Gandhi, será estampado, ainda que em branco sobre o branco, com búzios-da-costa, aves e símbolos da cultura afro.
"O tema deste ano do afoxé é 'Gandhi na evolução dos tempos'. O novo presidente do bloco, Aguinaldo Silva, quer fazer um Gandhi mais moderno".
Já o colorido das pinturas dos povos africanos Ndebele é o mote para as fantasias da Timbalada. Desenvolvido pelo artista gráfico Ray Vianna, 35, o tema foi sugerido por Carlinhos Brown.
O motivo criado pelo artista plástico e pai-de-santo, Augusto César, 47, para a fantasia do Araketu está guardado a sete chaves.
"Só posso dizer que neste ano o Araketu homenageia Iroko, a orixá do tempo e, por isso, o verde predomina em listras, búzios e outros elementos característicos dessa orixá", revelou César.

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