São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997 |
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Brasil produz mais ciência
VANESSA DE SÁ
A conclusão é apontada em "O Perfil da Ciência Brasileira" (Editora UFRJ, R$ 18) por Leopoldo de Meis e Jacqueline Leta, ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os autores tentam provar que o crescimento da produção científica brasileira não está vinculado aos recursos gastos pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Ao contrário. Durante o período estudado, dizem, houve uma queda do financiamento à pesquisa. Entretanto houve um aumento do número de estudantes ingressando em cursos de pós-graduação. "A inclinação da curva que mostra o aumento dos recursos destinados à pós-graduação é semelhante àquela observada na curva que mostra o aumento da produção científica. Daí a relação entre o aumento da produção científica e o aumento da pós-graduação", disse de Meis. O pesquisador do departamento de bioquímica da UFRJ também sugere que o crescimento da produção científica talvez tivesse sido maior se o aumento do número de bolsas de pós-graduação fosse acompanhado pelo aumento de verbas para projetos de pesquisa. Os dados obtidos pelos autores mostram que, entre 81 e 87, o crescimento foi lento isto é, o número de artigos científicos publicados em revistas indexadas pelo ISI , passou de 2.201 para 2.878. A partir desse ano, o total de publicações nacionais cresceu, passando para 5.502 em 1993. Se pudéssemos dividir o "bolo" da produção científica mundial em cem partes, menos de um pedaço -0,32 exatamente- corresponderia à contribuição brasileira para a ciência mundial. Em 93 a contribuição do Brasil passou para um pouco mais da metade de uma fatia -0,57. Pouca gente "Isso porque o que verificamos é que a pirâmide de produção por área do conhecimento, bem como o perfil de impacto dessa produção, na verdade são idênticos ao encontrados nos EUA e na Europa", diz. O impacto de um artigo científico é medido pelo número de citações que um artigo recebe. Um exemplo: 25,7% dos trabalhos brasileiros referem-se às ciências biomédicas. No mundo, 23,5% pertencem a essa área do conhecimento. As ciências humanas brasileiras, entretanto, fogem à regra. Apenas 2,9 % dos artigos publicados pertencem a essa área, contra 10,1% no mundo. Perfil de distribuição semelhante é observado quando se considera o número de citações por autor, dizem os autores. O número de autores citados cai à medida que cresce o número de citações, uma tendência que, segundo de Meis, é observada internacionalmente. "Costuma-se dizer que a ciência brasileira é de baixa qualidade, que não damos para a coisa. Mas os dados mostram que o Brasil segue uma tendência mundial. O que temos é pouca gente trabalhando e pouco investimento na área", conclui o pesquisador. Texto Anterior: As ameaças à unificação européia Próximo Texto: Produção é centralizada Índice |
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