São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997
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Fim da URSS impulsiona caçadores de nazistas

USA Today
de Arlington

PETER EISLER

Fechados dentro de um edifício de escritórios em Washington, os caçadores de nazistas dos EUA estão travando -e vencendo- a última batalha da Segunda Guerra.
Todos os dias eles examinam uma pilha de registros do tempo da guerra que, durante 50 anos, estiveram guardados atrás da Cortina de Ferro. São comunicados, ordens, listas de nomes e outros registros da Europa sob a ocupação nazista -uma história dos bastidores do Holocausto.
O OSI (sigla em inglês para Escritório de Investigações Especiais) caça os participantes dessa história, na maioria pessoas hoje idosas que ocultaram o papel que desempenharam na guerra e atravessaram o Atlântico rumo aos EUA.
Os registros que estão vindo do antigo bloco soviético infundiram novo ânimo no OSI. Com 18 processos e 300 investigações em curso, o OSI vive o momento mais ativo de seus 17 anos de história.
Pouco tempo atrás o OSI estava quase fechando. Os suspeitos estavam velhos e o rastro havia esfriado. Os processos haviam caído quase a zero.
O colapso da União Soviética, em 1991, mudou tudo. Meses mais tarde, registros da época da guerra, apreendidos pelas forças soviéticas durante a retirada alemã na Europa, começaram a aparecer na Lituânia, Letônia, Estônia, Rússia, Hungria, Ucrânia, Eslováquia, República Tcheca e outros países.
Os pesquisadores da OSI começaram a fazer viagens à Europa para estudar os registros. O número de processos começou a aumentar.
"Não temos as armas do crime nem as impressões digitais", diz Rosenbaum. "Dependemos de documentos -e os nazistas documentaram quase tudo."
Não se trata de processos criminais. Os tribunais americanos não têm poder de jurisdição sobre crimes de guerra. O que o OSI faz é acusar os suspeitos de não revelar, quando imigraram para os EUA, sua participação nos crimes nazistas. Essa participação teria barrado sua entrada no país.
Assim, o objetivo é destituir os suspeitos da cidadania americana e deportá-los. É uma missão que já suscitou reações hostis de alguns setores, principalmente entre um pequeno grupo de europeus do leste que vê o trabalho do OSI como uma vendeta política. Mas o índice de êxitos do OSI é alto, e seus defensores ultrapassam seus críticos de longe.

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