São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997
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Máfia chinesa opera no país

RODRIGO BERLOTTO
DE BUENOS AIRES

Junto com a imigração chinesa, veio para a Argentina sua máfia. Desde 1971, a organização foi responsável por 20 mortes.
O crime mais chocante aconteceu em maio de 1990, quando um casal chinês foi esfaqueado, no crime que ficou conhecido como o "massacre de Villa Crespo".
O único sobrevivente foi o menino Marcos Chang, filho de nove anos do casal, que teve a mão direita decepada como sinal típico de vingança da organização criminosa com base em Taiwan.
Depois de meses de investigação, dois integrantes da máfia foram capturados e condenados.
O principal negócio da máfia chinesa é a imigração ilegal para os EUA e Canadá. Na Argentina, cobram US$ 20 mil por um passaporte falso.
Em 1991, o Canadá começou a barrar os chineses com passaporte argentino, e o EUA concentraram ainda mais a imigração asiática.
Mas essa não é a única atividade. Em 1995, foi descoberto que a máfia sequestrava bebês da comunidade para pedir resgate.
Existe também a suspeita de que a organização opere no tráfico de drogas na fronteira com a Bolívia.
O destino final da cocaína seriam as cidades norte-americanas de Nova York e Miami.
Trabalhadores ilegais
A comunidade sul-coreana na Argentina tem seu ponto frágil nas denúncias de exploração de trabalhadores clandestinos em suas confecções de roupa.
Em 1993, as batidas policiais na Koreatown encontraram 23 mil bolivianos, paraguaios e peruanos trabalhando sem documentação em 220 fábricas do bairro.
"As inspeções eram acompanhada por fotógrafos, cinegrafistas e jornalistas. Era uma clara campanha contra a comunidade", diz Yong Soo Lee, da Associação Coreana na Argentina.
Os sul-coreanos se estabeleceram em áreas comerciais antes dominadas pela comunidade judaica, como os bairros de Once e Flores. Hoje, 80% dos coreanos se dedicam à confecção.
As inspeções diminuíram depois que o governo sul-coreano fez uma queixa formal ao argentino.
O bom tratamento é interesse da Argentina, já que o país quer atrair capital sul-coreano.
Samsung e Daewoo têm planos de investimento -também seria sul-coreano o capital para construir um estaleiro no porto de Rio Gallegos, na Patagônia.
(RB)

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