São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997
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PRI pode perder eleição este ano no México

VINICIUS TORRES FREIRE
DO ENVIADO ESPECIAL AO MÉXICO

O Partido Republicano Institucional (PRI), que mantém o poder federal no México desde 1929, pode perder este ano duas eleições e as bases de sustentação do seu sistema de poder.
Pesquisas de intenção de voto mostram que o PRI deve perder a eleição para o Distrito Federal (capital do país) e corre o risco de ficar em minoria na Câmara dos Deputados. A votação, por meio da qual também deverão ser escolhidos alguns governadores, está marcada para 6 de julho.
Na primeira eleição para o Distrito Federal -até agora o prefeito era escolhido pelo presidente- os mexicanos devem escolher o candidato do Partido Ação Nacional (PAN), que agrega políticos de centro e de direita.
Pesquisa do instituto Indemerc indica que o PRI deve chegar atrás até mesmo do Partido da Revolução Democrática (PRD, de esquerda) do ex-candidato à presidência Cuauhtemoc Cárdenas, com 14%. O PRD teria 24%, contra 36% do PAN. Os candidatos ainda não foram definidos. Mesmo assim, avalia-se que o vencedor será um forte candidato à Presidência.
Segundo o instituto Berumen, o PAN venceria com 43%, seguido pelo PRI (20%) e PRD (17%).
Na mesma pesquisa registrou-se a expectativa de vitória nessa eleição. O resultado mostra a desconfiança dos mexicanos na possibilidade de mudança -ou na lisura das eleições.
Para 53% dos entrevistados, o PRI deve ganhar a eleição na capital. Mas a expectativa de vitória do governo caiu desde setembro, quando era de 72%.
Para a Câmara dos Deputados as estimativas são muito menos precisas, mas cientistas políticos acreditam que o PAN e o PRD possam ficar com pelo menos 50% das cadeiras. No entanto, a aliança entre os dois partidos está descartada "pelo menos até o ano 2000", segundo Vicente Fox, governador de um Estado mexicano pelo PAN.
Apesar da desconfiança do eleitorado, a oposição considera que, desta vez, o governo tem muito menos chances de manipular o resultado das eleições, o que ocorria intensivamente até 1988.
Miguel de la Madrid foi eleito presidente com 71,63% dos votos em 1982. Carlos Salinas de Gortari teve 50,7% em 1988, contra 31,12% de Cuahtemoc Cárdenas, da coalizão de oposição.
O atual presidente, Ernesto Zedillo, venceu com 48,77%. PAN e PRD, somados, tiveram 42,5%. Mesmo com a margem pequena de vantagem para o PRI, houve ainda acusações de fraude.
A reforma eleitoral aprovada em 1996 prevê mais tempo na mídia para a oposição e mais recursos públicos para as campanhas.
Também aumentou o nível de organização dos partidos oposicionistas, além de seu poder: eles vêm ganhando eleições locais desde 1988. Além do mais, as eleições serão controladas pelo Instituto Eleitoral Federal, órgão independente, no lugar da secretaria do governo federal.

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