São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997
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Grupo discute novo capitalismo

VINICIUS TORRES FREIRE
DO ENVIADO ESPECIAL

Dentro de quatro meses, esquerda e centro latino-americanos voltam a se encontrar no Chile. Será o quarto encontro de uma série começada em 96, no México.
A idéia dos seminários é do professor de direito na Universidade Harvard (EUA), Roberto Mangabeira Unger, e de Jorge Castañeda, da Universidade Nacional do México e articulista da Folha.
Em Santiago do Chile devem ser debatidos programas específicos para a nova convergência de centro-esquerda em cada país.
Até agora, foi definido que a nova esquerda deve rejeitar o nacional-populismo e a social-democracia tradicional, além de deixar de ser "refém" dos setores corporativos da sociedade: parte do funcionalismo e operários mais privilegiados da grande indústria.
O centro seria o movimento político capaz de expressar a "inconformidade da classe média com a submissão colonial e com o domínio oligárquico" e seu desejo de uma economia nacional forte, que garantisse a meritocracia de fato (reconhecimento das competências) e os mecanismos de concorrência numa economia de mercado e socialmente menos dividida.
Hoje, o centro ou está no poder, com um programa neoliberal, ou fora dele, confusa, sem projeto claro e sem eleitorado seguro.
Estabilidade da moeda, privatização, combate ao corporativismo e economia de mercado não foram palavras proibidas na reunião.
A linha geral do debate apontou na direção da necessidade de um "choque de capitalismo". Isto é, um Estado refinanciado garantiria aos setores da "retaguarda" da sociedade as condições de competir numa economia capitalista democratizada. A "retaguarda" seriam pequenas e médias empresas e os cidadãos excluídos.
Essa "economia de mercado socialmente regulada" existiria dentro de um contexto jurídico-institucional novo. Esse novo ordenamento garantiria a democratização da economia por meio de consultas populares mais constantes e do controle direto de alguns setores do Estado pela população.

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