São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997
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Quanto custa estacionar?

TOMAZ AUTRAN

Restaurantes passam a cobrar à parte pelo serviço de manobristas e geram polêmica entre os clientes
Rogério de Abreu, funcionário público, pára o carro em frente ao restaurante The Place, nos Jardins, desce e entrega as chaves para o manobrista.
Com tempo curto e vagas escassas, milhares de paulistanos protagonizam a mesma cena diariamente. Só que, cada vez mais, pagam pelo serviço à parte.
Os restaurantes alegam que a cobrança em separado acaba sendo compensada por uma redução no preço da comida. Com o serviço pago pelo restaurante, o custo quase sempre se reflete no valor dos pratos (veja texto abaixo).
O debate divide clientes que preferem pagar sem pensar pela comodidade e reclamar do preço cobrado.
"Sempre largo meu carro com o manobrista pela comodidade", diz Abreu. "Não me incomodo em pagar", afirmou após ter pago R$ 6 pelo serviço do Parkbem Valet, no The Place.
A artista gráfica Carla Brandão, 31, deixou clara sua insatisfação com o serviço de manobrista do Mr. Fish: "Prefiro não deixar meu carro com eles. Acho absurda a forma como eles se impõem. Me sinto lesada".
O engenheiro Mauri Zaccarelli, 26, aceita pagar, mesmo um pouco contrariado. "Não é que eu goste, mas deixo meu carro com manobristas porque acho que não tem problema".
"Muitas vezes deixam seu carro na rua. O que adianta pagar pelo o que eu mesmo posso fazer?" diz o músico Marcus Vinícius Medeiros, 25, em frente ao Limone.
Cobrar ou não cobrar?
A polêmica também envolve os donos de restaurantes e das empresas que prestam serviços de manobristas.
"A cobrança à parte vale a pena para o cliente. Ele decide se quer deixar o carro conosco. Se deixar, tem seguro", diz Francisco Confessor Neto, dono da Infraest, que presta serviço para o Esplanada Grill, há cerca de um ano.
Ricardo Montoro, dono do restaurante, afirma ter subtraído dos preços dos pratos o custo. "Cobramos R$ 6 pelo estacionamento. Com isso, baixamos os preços em cerca de 40%."
Do outro lado da mesa, Rogério Fasano, dono do Fasano e do Gero, prefere não cobrar: "Se estivesse abrindo hoje, talvez cobrasse. Mas não cobro porque vai contra minha filosofia".
"As casas que fazem publicidade não avisam ao cliente que o preço do anúncio está incluído no prato que ele está comendo. Mas está. Como não faço anúncios, ofereço serviços como manobristas", diz Fasano.

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