São Paulo, domingo, 9 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FHC vende o produto Brasil a investidores

Presidente vai se reunir com John Major

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

O presidente Fernando Henrique Cardoso vem vender o produto Brasil em sua passagem por Londres, com chegada que estava prevista para a noite de ontem.
Fernando Henrique faz a palestra de encerramento em conferência promovida pelo governo britânico e pela CBI (Confederação das Indústrias Britânicas), a realizar-se amanhã pela manhã.
O governo anfitrião fez questão de dar o mais alto nível à conferência, tanto que ela será aberta pelo próprio primeiro-ministro do Reino Unido, John Major.
Falam também os presidentes do Peru, Alberto Fujimori, e do Panamá, Ernesto Balladares.
O momento parece ideal para vender não apenas o Brasil, mas a América Latina aos investidores britânicos da área financeira e industrial, ambas representadas na conferência.
Avaliações
Começa pelas avaliações tranquilizadoras do mercado. "A América Latina claramente emergiu do retrocesso tequila", diz, por exemplo, o Panorama Econômico Global para o primeiro trimestre de 1997 elaborado pela UBS (União de Bancos Suíços), termômetro importante.
É uma referência ao fato de que o subcontinente já ultrapassou as sequelas deixadas pela crise mexicana de 94/95 (o efeito tequila).
Outro termômetro importante, o do banco de investimentos ING Barings, diz que as Bolsas de Valores latino-americanas já subiram 12,5% neste início de ano, bem mais do que as européias (9,6%).
Por fim, há o fato de que o subcontinente necessita investimentos em infra-estrutura calculados em fantásticos US$ 1 bilhão por semana pelo presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Enrique Iglesias.
É um filão de negócios a seduzir os investidores britânicos.
Ainda mais que, há dois anos, o Foreign Office (Ministério britânico do Exterior) lançou o programa "Vínculo com a América Latina", destinado justamente a elevar o perfil da região entre os mais altos escalões do empresariado local.
Política também
Mas FHC terá tempo também para tratar de política. Ele se reúne com o primeiro-ministro Major, antes de almoçar com o premiê e os demais mandatários latino-americanos que participam do seminário.
Depois, o presidente brasileiro recebe Tony Blair, líder da oposição (Partido Trabalhista), apontado como virtual ganhador das eleições gerais previstas para maio.
A mais recente pesquisa, feita pelo Instituto Gallup para o jornal "The Daily Telegraph", dá aos trabalhistas 49% das intenções de voto, contra apenas 34% para os conservadores, que governam o Reino Unido desde 1979.
Depois, vêm o Partido Liberal Democrático (12%), cujo líder, Paddy Ashdown, também estará com Fernando Henrique.
Ocasiões ideais para discutir integração regional. Enquanto o Brasil entra em conflito com os EUA em torno da constituição da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), a Grã-Bretanha se afasta mais e mais da União Européia.
Cerimônia
Ao anoitecer de segunda-feira, o presidente viaja para Roma, para o que o jargão diplomático batiza de "visita de Estado".
Na prática, significa muita cerimônia. O objetivo, diz o chanceler brasileiro Luiz Felipe Lampreia, é tentar devolver às relações bilaterais o nível que elas já tiveram anos atrás.
Na Itália, o ponto comum é o déficit público e o nível dos juros. A Itália precisa reduzir seu déficit, para poder fazer parte da moeda única que os 15 países da União Européia pretendem lançar em 1999.
Mas, para isso, precisa reduzir os juros que paga pelos seus papéis, porque, como no Brasil, o problema não está na diferença entre despesas e receitas correntes do governo, mas no custo da rolagem da dívida.
Na sexta-feira, FHC tem audiência com o papa João Paulo 2º, se este já estiver recuperado da gripe que o obrigou a cancelar audiência similar, este fim de semana, com o primeiro-ministro espanhol José Maria Aznar.

Texto Anterior: Quem é quem na CPI
Próximo Texto: País quer reverter mau desempenho
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.