São Paulo, domingo, 9 de fevereiro de 1997
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Patronos adotam estilo reservado e comandam desfile à distância

MÁRIO MOREIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Mesmo sem contribuir financeiramente na mesma medida de antes, os bicheiros continuam ditando as regras nas escolas de samba do Rio.
A diferença é que, agora, as circunstâncias os obrigam a manter uma conduta mais reservada.
Condenados em 1993 por formação de quadrilha, eles obtiveram liberdade condicional no ano passado. Na prática, isso significa que podem circular livremente durante o dia, voltando para casa à noite.
Para evitar polêmicas, os bicheiros vão pouco aos barracões e mantêm distância da imprensa. Mas seu poder de decisão é admitido por todos nas escolas.
"Quando o Anísio estava preso, eu levava os desenhos das fantasias para ele ver. Agora, ele vê ao vivo", conta o carnavalesco da Beija-Flor, Milton Cunha, referindo-se ao bicheiro Anísio Abrahão David.
Segundo Cunha, as idas de Anísio ao barracão agilizaram a tomada de decisões na escola.
Na Imperatriz Leopoldinense, a presença eventual no barracão do bicheiro e patrono Luiz Pacheco Drummond, o Luizinho, não chega a alterar a rotina, de acordo com a carnavalesca Rosa Magalhães.
Apesar disso, pelo menos uma vez a intervenção -discreta- de Luizinho resolveu um problema da carnavalesca.
Para os funcionários do barracão, a presença de Luizinho tem outras vantagens. "Se a gente tá num aperto, ele não nega um emprestimozinho", afirma Rubens Ferreira, 25.
Na Mocidade Independente, mesmo sem aparecer fisicamente no barracão, Castor de Andrade dá "conselhos" pelo telefone, segundo o vice-presidente de Carnaval, José Manuel Gomes Leonor.
Este ano, Castor pediu que a escola valorizasse sua "comunidade" no desfile. Leonor propôs, então, que os 150 componentes da "ala da comunidade" fossem distribuídos por sete outras alas, para entusiasmar o conjunto da escola.
Em vez de dar as fantasias -simples- aos integrantes da antiga ala, a Mocidade comprou e lhes deu de presente as fantasias -mais caras- das alas em que desfilarão. O patrono aprovou.
No Salgueiro, coube a Maninho, filho do bicheiro Waldemiro Paes Garcia, resolver o impasse criado pelo convite da escola à "garota do tchan", Carla Perez, para desfilar como rainha de bateria. O diretor da bateria, Mestre Louro, vetou. Para não perder a atração, Maninho decidiu: Carla sairá de destaque, em um carro alegórico.

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