São Paulo, domingo, 9 de fevereiro de 1997
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A queda do Milan

SÍLVIO LANCELLOTTI

Nesta temporada, quem só dispõe do acesso às redes comerciais de TV aberta não pode ver o campeonato italiano de futebol. Uma lástima, culpa dos gananciosos que elevaram os custos dos contratos de transmissão.
Alguns privilegiados, donatários de contratos com as redes por assinatura, ainda podem presenciar a exibição de um combate ao vivo por semana, nos domingos, no seu horário de quase almoço.
Pena que não seja a ESPN, tão bem dirigida pelo brilhante José Trajano, a encarregada da proeza. Chega ao Brasil a imagem da ESPN dos EUA, com som em português, a ridicularia da narração de Ivan Zimmerman, capaz de insistir que o arqueiro Angelo Peruzzi (da Juventus, nascido em 1970), é filho de um outro goleiro famoso, Stefano Tacconi (ex-Juve, datado de 1957).
Tudo bem, a gente aguenta. Prova a enxurrada de recados que eu abrigo em meu e-mail (lancellotti@originet.com.br). Aliás, no meu e-mail, a imensa maioria das perguntas é sobre as razões do fracasso do Milan.
Como pode o clube mais organizado na Bota na década de 90, campeão nacional de 92, 93, 94 e 96, ganhador da principal Copa da Europa em 90 e 91, vencedor do mundial de times em 91, hoje perambular nos limites da zona de rebaixamento à Segunda Divisão?
Resposta rápida: culpa do chamado "Efeito Bosman" e de Arrigo Sacchi. O efeito supostamente enriqueceu o Milan com um batalhão de astros não nascidos na Itália. Até agora, em seis meses de novas normas, gritou muito mais alto o confronto de vaidades do que a competência dos atletas.
Paralelamente, Sacchi retornou à agremiação literalmente ensandecido. O seu fracasso radical no comando da "Squadra Azzurra" mexeu com o seu caráter e mostrou que, nem sempre, a fama corresponde ao sucesso.

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