São Paulo, domingo, 9 de fevereiro de 1997
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Ousada agonia

JUCA KFOURI

O Paulista começou no sábado de Carnaval para perplexidade de muitos. Bobagem. Quem gosta de futebol e não gosta da folia teve uma opção no sábado e terá outra no domingo.
Antes fosse esse o problema do Paulista, mais uma vez com uma fórmula que não garante que o melhor será o campeão. Um turno dentro do grupo, dois turnos entre os grupos, um quadrangular final em turno único, o critério é a falta de critério.
É praticamente impossível, portanto, que este campeonato seja o melhor de todos os tempos, como imagina a FPF, por mais que os times estejam fortes pensando na Copa do Brasil e dando carona ao Estadual.
A preocupação com o resultado esportivo é tão pouca que o artigo 15 do anexo 1 do regulamento diz que os clubes não terão prazo limite para a inscrição de jogadores, o que, em tese, permite que na véspera da final um time, ou ambos, traga jogadores por empréstimo para ganhar o título.
Shows de música e garotas animando a torcida não fazem parte de nossa cultura esportiva e não são essenciais, desde que o espetáculo da bola esteja garantido.
É claro que a exigência de gramados perfeitos merece aplausos, embora em 96 não tenha sido cumprida.
A preparação dos árbitros também é elogiável, mas a sonhada autonomia do departamento continua a ser um sonho mesmo. Já as tais faltas sem barreira deverão ser uma fonte permanente de confusão.
De tudo, fica uma certeza: a FPF quer salvar o moribundo, doura a pílula de um produto que já não faz mais sentido, o Campeonato Estadual. Que valor tem para a história do Palmeiras, por exemplo, ganhar do São José?
E, neste esforço, a FPF até paga os salários de um Renato Gaúcho para o São Paulo, medida boa, se considerarmos que a FPF não tem dinheiro próprio, apenas arrecada o que é dos clubes, mas incompleta, por não contemplar todos os participantes.
Seja como for, a ousadia entrou em campo, uma ousadia moderada, se é que existe isso, porque Eduardo Farah anda dizendo que será difícil botar 100 mil torcedores num estádio nos próximos cinco anos.
E não é que a torcida do Mengo quase o desmentiu anteontem mesmo, no Maracanã? E que o Nou Camp e o Santiago Bernabeu o desmentem sempre? Por que será?
Enfim, começou. Tomara que não se arraste.

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