São Paulo, domingo, 9 de fevereiro de 1997
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Franceses redescobrem os bailes

Jovens são frequentadores

BETINA BERNARDES
DE PARIS

Embalados por orquestras, jovens parisienses estão descobrindo e se entregando a uma delícia consagrada por seus pais e avós: os bailes.
O conhecido individualismo francês abre espaço, pelo menos nos finais de semana, para danças a dois em ambientes em que as faixas etárias se misturam e casais inusitados são formados.
No teatro do Palais de Chaillot, tradicional espaço cujas grandes janelas dão para a torre Eiffel, cerca de 500 pessoas disputam nas noites de domingo um lugar para o Bal Moderne.
Coreografia
Vendido o ingresso de número 500, ainda há lugar de sobra no salão, mas a entrada é expressamente vetada para que os frequentadores possam aproveitar plenamente toda a modernidade desse baile.
Aqui, jovens coreógrafos inventam passos de danças e ensinam aos frequentadores, que não param nem por um minuto. Com um microfone no palco, eles dão as orientações.
Eles se deixam levar por coreografias que em alguns momentos lembram as valsas que embalavam a nobreza em séculos passados.
"Não tenho o hábito de sair para dançar, e isso é que o legal desses bailes", disse à Folha a estudante Marie Labat, 21, que foi ao Bal Moderne com um grupo de amigos da faculdade.
Parceria
"Aqui há coisas diferentes, tenho vontade de fazer esses passos, as pessoas não comentam nada", afirma a frequentadora.
O fisioterapeuta Gilles Chemoud, 33, classifica a idéia de "fantástica". "É um exercício corporal, uma oportunidade de integração com as pessoas, acabo dando risadas com parceiras que nunca vi e, provavelmente, nunca mais verei na vida."
Enquanto uma coreógrafa dá palavras de ordem como "alongar, mergulhar, olhar de frente, pegar na mão, envolver a cintura", o diretor de empresa Fabian Lanvyon, suando na calça jeans, procura um lugar para se sentar.
"É a primeira vez que venho, e garanto que volto", afirma. "É muito agradável, um superlugar de comunicação", diz.
Ele admira a vitalidade do casal Cecília e Felipe Marchad que, mesmo no intervalo das coreografias, continua dançando.
"Gosto muito de dançar, mas nunca tinha visto nada parecido com esse baile, me impressionei desde a primeira vez que vim, um mês atrás, e agora não perco nenhum", diz Marchad, 31, funcionário do Ministério da Defesa.
Se os domingos de Marchad são no Palais de Chaillot, os sábados poderiam ser no Bal de L'Élysée-Montmartre.
Ali, é a orquestra que dita o ritmo. Democrático, o ambiente também mistura as idades. A seleção musical usa todos os ritmos que podem levar à dança a dois: rock dos anos 50, valsa e até tango.
A lotação de mil pessoas é preenchida a cada baile. "Não é mais possível ir a boates. Todas tocam techno, rap. Nos bailes, o ritmo é mais suave e a paquera é cordial", diz a dentista Christine Bailly, 27.
O baile do L'Élysée-Montmartre acontece a cada 15 dias. O Bal Moderne parte agora para excursões em outras cidades.

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