São Paulo, quarta-feira, 12 de fevereiro de 1997
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Fã luta para suceder Maurício na seleção

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Liga Mundial de 97 pode servir para que um fã tente se tornar o sucessor de Maurício, levantador e cérebro da seleção brasileira nos últimos oito anos.
Marcelo Elgarten, do Report/Suzano, detém o melhor nível de aproveitamento entre os levantadores que disputam a Superliga desta temporada.
Tem 55,82% de eficiência no fundamento. O argentino Weber do Chapecó está em segundo e Maurício é o terceiro colocado.
Com o pedido de dispensa do titular da seleção que vai disputar a Liga Mundial a partir de maio. Marcelo, 22, que desde os 14 anos grava fitas com os jogos do ídolo, quer exibir qualidades para um dia receber o cetro de Maurício, 29.
"Igual a ele nunca vai ter. Pode ter um para substituí-lo quando ele parar. Eu quero."
Campeão mundial juvenil, em 93, esta é a sua primeira convocação para a seleção adulta deste carioca que abandonou o curso de engenharia no Rio há quatro anos para jogar em Suzano (31 km a noroeste de São Paulo).
As atuações do novato durante a Superliga mereceram elogios até do técnico de sua equipe, Ricardo Navajas, que tem a fama de ser exigente e de não poupar críticas aos jogadores. "Ele é talentoso. Mas não pode pensar que só porque foi para a seleção ele é o bom."
A seguir leia a entrevista com o levantador do Report/Suzano.
*
Folha - Você é o melhor levantador do campeonato segundo as estatísticas da CBV. Já aguardava ser convocado para a seleção?
Marcelo Elgarten - No ano passado eu fui cogitado. Mas acho que esse é o melhor momento da minha carreira. Tenho que estar preparado. Meu objetivo não é ir por ir. Quero iniciar uma carreira na seleção. Eu vou para jogar. Não quero ser convocado apenas para colocar no currículo.
Folha - Você deve ser o titular no lugar de Maurício, que pediu dispensa. O que pensa disso?
Marcelo -É muita responsabilidade. Eu sou fã do Maurício. Ele é o melhor do mundo. Igual a ele não vai ter. Pode ter um substituto. E quero ter o prazer de ser esse jogador. Ele vai ter que parar um dia.
Folha - O Maurício influenciou de alguma forma seu tipo de jogo?
Marcelo -Procuro aprender com ele. Tenho muitas fitas do Maurício jogando pela seleção. Eu continuo gravando os jogos dele para comparar com as fitas dos meus. Antes de Barcelona-92, quando eu jogava nas categorias menores, a coisa era de tiete mesmo, de torcedor. Agora procuro mais inspiração.
Folha - Quais suas maiores qualidades como jogador? Marcelo -Eu acho que tenho boa técnica e bons fundamentos. Preciso corrigir alguns erros de postura. Continuar trabalhando para tentar corrigir esses defeitos.
Folha - Você não é muito alto (1,83 m). Isso não atrapalha diante da altura dos levantadores das outras seleções?
Marcelo - É um problema. Tenho que compensar com técnica.
Folha - Essa é sua primeira convocação para a equipe adulta. Agora, o assédio dos fãs e imprensa deve aumentar...
Marcelo - Aqui em Suzano o pessoal me conhece. Em São Paulo, passo despercebido. É bom porque eu posso sair, coisa que o Giovane (companheiro de clube) não pode. Mas tem hora que é gostoso ser conhecido. Na seleção esse assédio deve ser muito bom. Quero ver como é.
Folha - Você pediu algum conselho ao Max e o Giovane, que são jogadores de seleção?
Marcelo - Eu conversei um pouco com eles. Quem tem me dado mais conselhos é o Ricardo (Navajas).
Folha - Que tipo de conselhos?
Marcelo - Ele diz para eu continuar como eu sou. Não ficar acomodado. Eu devo muito a ele, que foi quem me descobriu no Mundial da Argentina e me trouxe para jogar aqui em Suzano.

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