São Paulo, quarta-feira, 12 de fevereiro de 1997 |
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Família recebe Lamia com feijoada e champanhe ROGÉRIO GENTILE ROGÉRIO GENTILE; RICARDO FELTRIN
A chegada de Lamia está prevista para as 9h de amanhã no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Ela vai ser recepcionada pela filha, Lubna Patrícia Tawfic, 11, pelos pais, Fátima Abd Massud e Muruf Hassan Ibrahim, e por cinco dos sete irmãos. Os outros dois irmãos moram nos territórios ocupados pelos palestinos. A família recebeu ontem às 12h com gritos e lágrimas a notícia de que Lamia havia sido libertada. A informação foi dada por telefone pelo embaixador brasileiro em Israel, Pedro Assumpção. "Estamos muito aliviados. É um peso que saiu das nossas costas, depois de 11 anos", afirmou Naim Maruf Hassan Ibrahim, irmão de Lamia, que atendeu ao telefonema. O pai de Lamia, o comerciante Muruf Hassan Ibrahim, 65, disse que sempre soube que a filha seria libertada. "Sabíamos que isso tinha de acontecer algum dia." Com dificuldade para se expressar em português, a mãe de Lamia disse que vai preparar um almoço especial para comemorar a volta da filha ao Brasil. "Lamia havia me pedido que, se fosse libertada, queria comemorar com comida brasileira: com feijoada", afirmou. Futuro Segurando fotos da mãe que não vê há quatro anos, Patrícia, de 11 anos, contava ontem os seus planos para o futuro. "Vou estudar em Israel. Minha mãe vai passar um tempo aqui e depois iremos para lá", disse. Patrícia nasceu no Brasil, na última vez que sua mãe esteve no país. Morou nove meses em Israel com Lamia e teve de voltar quando sua mãe foi presa. Patrícia voltou com o advogado Airton Soares, que acompanha o caso até hoje. Na prisão, segundo a professora Amalina el Khatib -amiga da família-, Lamia aprendeu a falar hebraico, árabe e espanhol, além de desenvolver o inglês. "Tornou-se uma poeta também", afirma a professora. Homenagem paulistana O vereador Mohamad Said Mourad (PL) afirmou ontem que, assim que Lamia chegar ao Brasil, vai reapresentar projeto na Câmara que dá à brasileira o título de Cidadã Paulistana. Mourad apresentou o projeto no ano passado, quando estava sendo negociada a libertação de Lamia em Israel. Por quase um mês, o projeto ficou na pauta de votação. Como 96 foi ano eleitoral, em que houve pouquíssimas votações, e Lamia continuou presa, a proposta de homenagem saiu da pauta e foi engavetada. No dia 31 de dezembro, final da legislatura, todos os projetos não votados de vereadores caducaram -como manda o Regimento Interno (as leis da Câmara). Entre eles, o título de Cidadã Paulistana. Agora, Mourad terá de requisitar à mesa diretora da Câmara o desarquivamento do projeto. Na história da Câmara, nunca um projeto de homenagem a uma personalidade foi rejeitado. Texto Anterior: Petição adia liberação de presas Próximo Texto: Israel ataca o Líbano 4 vezes em 3 horas Índice |
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